Título: As contradições do confronto na CPI
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2005, País, p. A3

Garanhuns e Banval Marcos Valério: Eu não tinha nenhum contato com a Guaranhus. Não sei nem quem é o dono. Quem indicou a empresa e pediu que fossem feitos cheques nominais foi o Jacinto Lamas. Isso pode ser comprovado pela quebra de meus sigilos. A Bônus-Banval me foi apresentada pelo PP, já a Guaranhuns quem apresentou foi o Jacinto Lamas, representado pelo Valdemar Costa Neto. Jacinto Lamas: Não tinha conhecimento dos recursos repassados pela Guaranhuns ao PL, só Valdemar Costa Neto é que sabia.

Valdemar Costa Neto: Nem eu nem Jacinto não tínhamos conhecimento da empresa Guaranhuns.

Delúbio Soares: Não sabia da existência da Bonus-Banval e nem da Guaranhuns, fiquei sabendo aqui na CPI. O montante foi autorizado ao PL , mas não participei da maneira e da forma como foi feito o contato. Não fui eu que indiquei a Guaranhuns e nem a Bônus-Banval. Minha responsabilidade foi disponibilizar os montantes relativos a acordos políticos.

Repasses a Jacinto Lamas Delúbio Soares: Valdemar me deu a orientação para repassar recursos para o Bispo Carlos Rodrigues. Jacinto Lamas era o responsável pelo PL, mas sempre por intermédio da direção do partido.

Simone Vasconcelos: Estive no Banco Rural diversas vezes e entreguei recursos em espécie a Jacinto Lamas. Sempre dizia o valor que estava entregando. Nunca em malas, normalmente em notas de cem, dentro de envelopes. Não conhecia o deputado Valdemar da Costa Neto.

Jacinto Lamas: Esses recursos não foram para o PL. Foram para o Valdemar e, por isso, eu não tinha conhecimento.

Valores contraditórios Valdemar Costa Neto: Recebi R$ 6,5 milhões e quem tem de explicar a diferença é o Marcos Valério. Nunca nunca me preocupei em receber dinheiro da SMPB, minha preocupação era sobre o dinheiro que devia a eles, por volta de R$ 6 milhões e não R$ 10 milhões.

Marcos Valério: O repasse para o PL foi de R$ 10,837 milhões. Eu não vou ensinar à CPI como proceder uma investigação.

Delúbio Soares: O PT autorizou repasse de R$ 12 milhões para o PL. Era uma relação de confiança. Determinei o pagamento do montante e não houve reclamação da outra parte.

Assessor de Dirceu Delúbio Soares: Conheço Roberto Marques há bastante tempo. Não pedi dinheiro para o Bob, não autorizei, não tenho responsabilidade sobre isso.

Marcos Valério: Todas as autorizações para repasses de recursos eram dadas por Delúbio. Eu não posso dizer que esse Roberto Marques é o mesmo ligado a Dirceu. Fui informado que deveria passar o dinheiro a Luiz Carlos Mazano. Não me lembro quem pediu para que mudasse o nome do sacador.

Caixa dois ou mensalão Marcos Valério: Assumo que peguei dinheiro do Banco Rural e repassei aos partidos através dos tesoureiros. Quero acabar com essa hipocrisia: a minha empresa não é a única que ajudou ou ajudará políticos. Marcos Valério não é detentor da tecnologia de ajudar políticos. Isso acontece no Brasil desde Rui Barbosa. Agora, não sou o único e não deveria ser crucificado como o único. Sou humano, quero dizer que não sou perfeito. Posso ter cometido equívocos, mas volto a falar que não sou máquina.

Delúbio Soares: Nunca existiu a tese de compra de votos, a compra de deputados. O que existiu foram compromissos partidários.

Repasses de campanha Delúbio Soares: Fizemos um acordo com o PL que tomou a iniciativa de fazer algumas despesas e depois apresentou a conta e depois tivemos de cobrir. Valdemar Costa Neto: Era material para a campanha do presidente Lula e do vice-presidente, José Alencar, no segundo turno.