Título: ''Hora de parar e pensar''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2005, Internacional, p. A9

O que George Bush precisa agora é de alguém superconservador e extremamente respeitado, de carreira brilhante, com competência que ninguém possa colocar em dúvida. Também precisa compreender que hoje - quando a Justiça pode indiciar dois assessores próximos - é o dia de decidir se vai continuar cometendo os mesmos erros que o estão enfraquecendo ou mudar radicalmente sua política.

A opinião é do professor de Direito da Universidade de Nova York, Barry Friedman, que tem se dedicado a escrever a história da Suprema Corte americana e aproveitou a crise para dar uma sugestão ao presidente.

- Essa é a derrota de maior visibilidade que George Bush já enfrentou em seu próprio partido. É um desgaste natural que presidentes reeleitos enfrentam em seu segundo mandato. Mas Bush vai ter que andar rápido no caso de Karl Rove ou I. Lewis Libby serem indiciados hoje. Sinceramente, acho que os dois serão. - disse ontem ao JB.

Friedman acha que a Casa Branca já deve ter, ao menos, uma idéia de quem vai indicar:

- Se houver indiciamento, imagino que a estratégia será esperar alguns dias e fazer o anúncio do novo nome para desviar a atenção do escândalo. Para aí, tentar aproveitar a oportunidade de corrigir o rumo da administração e retomar o controle. É hora de parar e pensar.

Mas alerta para a situação difícil que Bush acabou enfrentando sem planejar:

- O problema aqui é que Harriet Miers, na opinião dos que se opuseram a seu nome, não tinha as credenciais para o cargo. Isso quer dizer que foi facilmente atacada por isso. Se tivesse, seria difícil derrubá-la baseando-se apenas em questões de doutrina ou postura.

Segundo ele, o próximo indicado deveria ser ''alguém como John Roberts'', conservador respeitado que Bush indicou e emplacou na presidência da Suprema Corte.

- Não é fácil de achar, mas não é impossível. Aliás, eu diria que a saída mais fácil é indicar um senador que tenha sido advogado antes de eleito, o que dificultaria qualquer oposição que o Senado pudesse pensar em oferecer ao presidente. - sugeriu.