Título: Guerra de grampos entre distritais
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 28/10/2005, Brasília, p. D1

A briga entre os deputados distritais José Edmar (Prona) e o também distrital, mas hoje secretário de Relações Institucionais e de Cooperação entre Poderes do DF, Wigberto Ferreira Tartuce, o Vigão (PP/DF), teve mais um episódio ontem, na Câmara Legislativa. Primeiro o deputado José Edmar apresentou uma gravação onde Vigão supostamente o ameaçava, com a qual ele acredita estar sendo inocentado das acusações de ter encomendado a morte do rival. Em seguida foi a vez de Wigberto Tartuce confirmar as declarações, em uma coletiva à imprensa, alegando que o que disse teria sido uma reação normal às ameaças. Ele já denunciara os ataques.

Na degravação da fita o secretário estaria oferecendo ajuda financeira para que Carlos Panta passasse para o seu lado. A gravação teria sido feita pelas filhas de Panta, que foram à casa do secretário pedir que ele retirasse o nome do pai do processo contra José Edmar.

- Eu sou empresário bem-sucedido, tenho rádio, tenho construtora, tenho concreteiras... As pessoas que vivem comigo não têm essa dificuldade - fala a voz creditada ao secretário Vigão, ao se referir às necessidades econômicas pelas quais a família de Panta estaria passando.

Mais adiante, com relação à execução supostamente encomenda pelo deputado José Edmar, Wigberto Tartuce teria dito:

- Se o Zé Edmar pode contratar uma ou duas pessoas, eu posso contratar trinta... A família dele desaparece da face da terra... dos netinhos... até o último... Os vizinhos vão também... Porque aí o peso do dinheiro vai valer... se pra ele 150 mil reais vale, pra mim eu posso pagar é por cabeça isso aí... - teria dito o secretário Vigão às filhas de Carlos Panta.

O deputado José Edmar disse que apresentou trechos de uma conversa do secretário para provar que ele não contratou ninguém para matá-lo e que tudo não passa de uma armação de Vigão.

- Na fita ele promete dar algumas coisas e os trechos falam de suborno à família do Panta para detonar comigo -, disse o deputado José Edmar.

Em um dos trechos da conversa Vigão teria dito que resolvia tudo, arrumaria emprego para as meninas, dinheiro para manter a família:

- Eu resolvo tudo. O que eu não quero é prejudicá-los pra num falar... O deputado Vigão foi lá, comprou a família, arrumou emprego pra todo mundo, pra poder falar mal do Zé - mostra um trecho da degravação.

O secretário Wigberto Tartuce confirmou que recebeu as filhas de Carlos Panta, segundo ele, uma das pessoas contratadas para dar cabo de sua vida, porque eram três meninas, que estavam chorando porque o pai poderia ser morto.

- As meninas e o Carlos Panta confirmaram que o Zé Edmar tinha mandado me matar. Eu só quero que ele saiba que, se eu morrer a família dele vai pagar por isso - disse o secretário, lamentando ter que voltar para a Câmara em abril.

Wigberto Tartuce confessou que as suas declarações foram um ato de desabafo e que não tem intenção de fazer isso, mas reafirmou que é bom que o deputado José Edmar saiba que ele tem pessoas que gostam dele e que se ele morrer a situação do deputado vai ficar ruim.

Ao tomar conhecimento dos novos fatos, o deputado Paulo Tadeu (PT) brincou: - Eles vão ser os responsáveis pelo maior êxodo urbano já visto, porque os vizinhos do José Edmar já estão todos se mudando.