Título: Apesar do desgaste do PT, esquerda se anima
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Brasília, p. D3

Mas petistas não admitem abrir mão da cabeça de chapa

Sem concorrer com Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal, a esquerda brasiliense está animada para as eleições do ano que vem. Mesmo com o desgaste do PT. Até o momento, a oposição ao atual governo tem sete candidatos ao cargo máximo do Executivo brasiliense. O PT, com cinco nomes na lista de pré-candidaturas, aposta, inclusive, em uma aliança dos partidos de esquerda como melhor alternativa para garantir a vitória no pleito de 2006. - Não descarto a chance do PT deixar de ser cabeça de chapa em Brasília, mas acho que o partido no DF é muito forte e não vai precisar disso - afirma Ricardo Berzoini, que acaba de assumir o cargo de presidente da Executiva Nacional do PT.

Para Geraldo Magela, um dos pré-candidatos, o PT deixar de sair como líder de chapa em caso de candidatura única da esquerda seria um absurdo:

- Se isso chegar a ser cogitado ocorrerá a maior briga no plano nacional - avisa Magela.

A extensa lista de pré-candidatos petistas ao governo dará trabalho ao presidente do partido no DF, deputado Chico Vigilante, empossado na última quarta-feira. Ele tem pressa em definir o nome do candidato ao GDF:

- É fundamental decidirmos o candidato do partido até este ano e, para isso, pretendo prosseguir conversando com todos os pré-candidatos.

Para Berzoini, o melhor para o partido é o acordo político entre os candidatos.

- Mas se isso não acontecer vamos resolver na disputa democrática - afirma.

Magela não acredita que haverá um acordo entre os interessados em concorrer ao GDF.

- No PT nunca houve consenso. Essa é uma palavra pouquíssimo aplicada. Aliás, acho que a maior riqueza do partido é a pluralidade - diz o petista.

A deputada Érika Kokay, líder da bancada petista na Câmara Legislativa, diz que vai defender que o partido faça discussão intensa e tente consolidar um nome.

- Ainda que seja importante manter a pluralidade do partido eu acho que é possível estabelecer um consenso - analisa a deputada.

Érika acredita que o partido pode resolver o nome do candidato antes da realização de uma prévia.

- Nós temos muitas diferença em relação aos outros partidos. Uma delas é que não resolvemos nossas divergências na bala como vem acontecendo na bancada governista - critica a deputada, referindo-se às brigas entre os deputados distritais José Edmar (Prona) e Wigberto Tartuce (PP).

Decisão - Para o deputado distrital Chico Leite, outro pré-candidato, a escolha do candidato qeu vai representar o PT nas eleições do ano que vem não será fácil.

- É natural que tenham disputas mas desde que as pessoas coloquem os interesses coletivos e da cidade antes dos interesses pessoais - afirma Leite.

A deputada distrital Arlete Sampaio, também pré-candidata, não coloca sua candidatura acima de qualquer preço. Ela garante que seu nome está à disposição do partido.

- Não sou candidata a qualquer custo. Se o partido entender que outro nome é melhor vou trabalhar bastante para que outro candidato seja eleito - ressalta.

O deputado distrital Chico Floresta, último petista a entrar para a lista de pré-candidatos, resolveu colocar o nome para a escolha do partido porque acredita que o PT precisa investir em questões ambientais.

- Queremos que todo petista seja ambientalista - diz Floresta.

Outros nomes cotados para comporem chapas de oposição ao candidato de Joaquim Roriz são Sigmaringa Seixas, deputado federal pelo PT, e Agnelo Queiroz, atual ministro dos Esportes do governo Lula.

União - A candidatura única dos partidos de esquerda pode ser impossibilitada caso a verticalização seja mantida. Além disso, os partidos pequenos ficam sujeitos às cláusulas de barreiras. Pela regra, os partidos só podem manter o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e receber o dinheiro do Fundo Partidário caso obtenham, no mínimo, 5% dos votos nacionais e ter sido votado em pelo menos nove estados.

Segundo Érika, é possível que os partidos pequenos continuem concorrendo a cargos menores para se manterem dentro da cláusula de barreiras.

- De todas as formas vamos trabalhar para conseguir uma coligação mais ampla possível, desde que sejam partidos que lutem por uma sociedade melhor e mais ética - afirma a deputada.