Título: Falta preservação em túmulo
Autor: Adriana Bernardes
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Brasília, p. D4

Empresa que administra não garante segurança

As taxas pagas pagas à empresa que administra o Cemitério Campo da Esperança não garantem a preservação dos túmulos. No dia 5 deste mês, o Campo da Esperança Serviços Ltda. foi condenada a pagar uma indenização de R$ 1.590 por danos materiais e morais, ao aposentado Jonas Carlos de Souza, pela violação do túmulo de sua mulher e filho. Em sua decisão, o relator Iran de Lima da 2ª turma recursal dos Juizados Especiais destaca que:

- A violação do túmulo com a remoção da tampa, o desalinhamento dos restos mortais e a exposição dos ossos aos elementos da natureza, causam profunda dor e extremado sentimento de humilhação aos familiares da falecida.

Par ao aposentado, o valor da indenização é o que menos importa. O que mais incomoda, segundo ele, é a sensação de desrespeito e o descaso por parte da administração em relação ao problema que é comum no cemitério.

Ele mostra um álbum de fotografias de túmulos quebrados e afirma ter visto restos mortais revirados.

- Olha sou um cearense forte. Mas quando vi isso, as lágrimas escorreram - diz.

Jonas de Souza conta que antes da acionar a administração na justiça o túmulo onde estão enterrados a mulher e o filho foi violado várias vezes. De 2002 para cá já registrou cinco boletins de ocorrência, mas, em cada queixa na delegacia, ouvia a promessa de que a perícia seria feita em no máximo três dias, o que nunca acontecia.

- Esperava duas semanas os policiais não apareciam. Não aguentava ver o túmulo todo revirado daquele jeito e mandava consertar. Gastava entre R$ 500 a R$ 600 para deixar tudo novinho. Fico inconformado com esses fatos. Não é pelo dinheiro, não me importo com isso. É pelo desrespeito.

Em volta do túmulo, o aposentado plantou pingo de ouro. Os vasos de granito estão sempre com flores artificiais. Até um banco de granito combinando com o túmulo ele mandou colocar. Fez uma pequena capelinha onde coloca imagens de santos católicos. Nem isso escapa.

- Perdi a conta de quantas vezes as plantas e a capelinha foram roubadas. Aí tenho que comprar os santos, levar para o padre abençoar e trazer para cá. Rezo a Deus para nunca flagrar uma dessas pessoas por aqui porque acho que perderia a cabeça - disse.

Para manter o local sempre limpo, ele paga R$ 480 reais por ano a jardineiros que trabalham no local.

Para ele, manter o lugar em ordem e bem cuidado, é sinal de respeito.