Título: Pentágono abre base em Cuba à ONU
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Fonte: Jornal do Brasil, 31/10/2005, Internacional, p. A10

Mais de três anos depois de receber os primeiros pedidos para abrir a prisão de Guantánamo a inspeções internacionais, o Pentágono finalmente permitiu que funcionários das Nações Unidas visitem o campo de prisioneiros dos Estados Unidos. Três monitores de direitos humanos devem ser autorizados a entrar no local para observar as condições e instalações. Também vão poder fazer perguntas aos funcionários, mas não terão acesso aos detentos.

Ativistas de direitos humanos criticam as condições da prisão militar americana em Cuba, onde dezenas de prisioneiros estrangeiros mantêm uma greve de fome em protesto contra o tratamento recebido. Ao autorizar a entrada da ONU, o Pentágono afirmou que não tem ''nada a esconder''.

- Os funcionários da ONU não poderão falar com os presos porque esta é a função do Comitê Internacional da Cruz Vermelha - justificou um porta-voz do Pentágono, coronel Mark Ballesteros, sem detalhar quando a viagem ocorre.

No comunicado de autorização, a Defesa dos EUA afirmou que vai tentar ''ser a mais aberta possível, ao mesmo tempo tomando em consideração ''as exigências de segurança e de operação e a necessidade de garantir a integridade de nossas forças''.

Ativistas britânicos de direitos humanos dizem que cerca de 200 presos de Guantánamo estão em greve de fome em protesto contra as condições do local, enquanto o Pentágono afirma que são 26 os presos que iniciaram o protesto, em agosto.

Os EUA provocaram controvérsia com sua política de forçar a alimentação dos prisioneiros em greve de fome. Para os ativistas, a política é antiética e dolorosa. O Pentágono, entretanto, defende que está salvando vidas.

A ONU pediu pela primeira vez permissão para visitar o campo quando ele abriu, em janeiro de 2002, meses após a invasão do Afeganistão liderada pelos EUA. A ação militar derrubou o regime talibã, que protegia o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.

Cerca de 500 prisioneiros estão hoje em Guantánamo, a maioria deles capturada no Afeganistão. No entanto, também há muitos detentos suspeitos de serem insurgentes no Iraque, onde a violência não dá trégua.

No fim de semana, pelo menos 13 pessoas morreram em ataques da insurgência. Ontem, o irmão do vice-presidente xiita do país Adel Abdel Mehdi, Ghaleb Abdel Mehdi, foi assassinado em Bagdá. Ele era membro do Conselho de Ministros.

O ataque aconteceu na rua Palestina, a Leste da capital. O carro em que Mehdi, que seguia para o trabalho, foi interceptado por ''vários homens armados, que dispararam com armas automáticas'', de acordo com um comunicado do Ministério do Interior. O motorista da autoridade morreu na hora. Mehdi chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu.

- O que aconteceu não vai parar o processo político no Iraque. Milhares de civis foram mortos nos últimos dois anos pelos rebeldes. Meu irmão foi mais um deles - reagiu o vice-presidente.

Em outra ação insurgente, também na capital, o vice-ministro do Comércio, Qais Daud al Hassan, foi ferido, e dois de seus seguranças morreram em um ataque a tiros.