Título: Avicultura brasileira em evolução
Autor: Juliana Wilk
Fonte: Jornal do Brasil, 31/10/2005, Economia & Negócios, p. A19

- Com o posto de maior exportador mundial de frango, o Brasil avança na qualidade da avicultura. A genética, a nutrição e o manejo adequados garantiram o desenvolvimento do setor, que nos últimos 30 anos conseguiu tornar o frango a fonte de proteína mais acessível à população. A conquista foi obtida com ganhos significativos em produtividade, de acordo com o consultor da cadeia brasileira de carnes Osler Desouzart. Graças à transformação da avicultura em ciência, foi possível, por exemplo, reduzir à metade a quantidade de ração necessária à produção e em um terço o tempo gasto até o momento do abate.

Segundo Desouzart, que participou do 6º Simpósio Técnico de Incubação, Matrizes de Corte e Nutrição, em Balneário Camboriú (SC), há 30 anos, eram necessários quatro quilos de grãos para garantir o desenvolvimento de um frango até o momento do abate. Hoje, para produzir este mesmo frango, se consome 1,78 quilo de grão, e daqui a 30 anos, em 2035, será gasto 1,4 quilo de grão.

Entre outras as previsões para o setor em 2035, Desouzart, que já foi diretor de comércio exterior da Sadia, Perdigão e Frangosul, destaca a queda no tempo de geração dos frangos. Segundo ele, hoje a indústria leva 42 dias para que um frango atinja 2,4 quilos, desde o nascimento, e, nos próximos 20/30 anos, serão necessários 35 dias. Em 1975, eram necessários 60 dias.

O Brasil produziu, em 2004, 8,5 milhões de toneladas de frango por ano e tem a segunda maior avicultura industrial do mundo - fica atrás apenas dos Estados Unidos - mas é o maior exportador mundial. No ano passado, vendeu no mercado internacional 2,47 milhões de toneladas, que renderam US$ 2,6 bilhões - 71% da produção ficaram no mercado interno e 29% foram exportados.

O consultor diz que, nos últimos 30 anos, a demanda e a produção de frangos se concentraram nos países desenvolvidos. Entretanto, para o futuro, a previsão é que o foco passe para os países subdesenvolvidos.

- Os países desenvolvidos, com exceção dos Estados Unidos, não terão expansão populacional nos próximos 30 anos. As expansões ocorrerão na Ásia e África, onde há um subconsumo de aves.

Desouzart afirmou que um dos pontos a serem melhorados na agroindústria é o consumo elevado de água que, segundo ele, pode cair 50%. Hoje, por ave abatida gastam-se 32 litros.

Desouzart acredita que o desafio para os próximos 30 anos será a manutenção da saúde dos animais. Para ele, se a gripe aviária entrar no Brasil, será um desastre e desestabilizará o setor.

- Houve vários episódios no século passado e neste século, desde 2004, a doença está se espalhando pelo mundo.

Para o consultor, entretanto, o risco para os frangos de criação industrial é mínimo.

- É muito mais fácil os frangos domésticos, naturais e caipiras, além de marrecos e aves ornamentais, terem contato com as aves selvagens, vetores dos vírus.