Título: Confiança do consumidor adiada
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 01/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

Na primeira vez em que divulga o Índice de Confiança do Consumidor, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) constata cautela do consumidor no presente e otimismo com relação ao futuro. Realizado a partir da Sondagem das Expectativas do Consumidor, o índice cresceu 1,5% entre setembro e outubro graças aos indicadores que medem as expectativas para os próximos meses. No indicador da FGV, as expectativas para o futuro passaram de 100 para 102,9 de setembro para outubro. No mesmo período, a avaliação sobre a situação atual caiu de 100 para 99,3.

A alta de 2,9 pontos na expectativa de outubro é reflexo do Índice de Expectativas, que avalia três dos três dos cinco quesitos que compõem o Índice de Confiança.

Já o Índice da Situação Atual caiu 0,7 ponto porque piorou a avaliação do consumidor em relação à situação financeira do presente em sua família. A parcela dos que classificam como boa a situação familiar atual caiu de 18,5% em setembro para 18,3% em outubro. Além disso, subiu de 20,7% para 21,7% a participação de consumidores entrevistados que classificam o momento como ''ruim'' para situação financeira atual.

Por outro lado, saltou de 23,8% para 28,3%, a parcela dos entrevistados que acreditam em melhora na situação econômica do país no futuro. A parcela que acredita que a situação vai piorar caiu de 21,3% para 16,2%. O levantamento consultou 2.031 consumidores entre os dias 1º a 21 de outubro.

- O avanço na confiança do consumidor foi muito discreto. Ele praticamente se concentrou em um quesito da pesquisa, que se refere às perspectivas da economia da região onde a pessoa mora - afirmou o coordenador da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, Aloísio Campelo.

Com as mudanças metodológicas, a pesquisa pede que o consumidor passa a avaliar o desempenho da economia local, que se refere à região onde vive, em vez de analisar a economia do país. Em outubro, o desempenho ficou estável.

A avaliação sobre o orçamento familiar atual registrou queda de 1,2%. As expectativas para o futuro mostraram uma taxa negativa de 0,9%. Na avaliação de Campelo, os fatores que afetaram a confiança do consumidor nos últimos meses, como a forte crise política e a desaceleração dos indicadores da economia, tendem a ter seus efeitos minimizados no futuro. As expectativas para o mercado de trabalho nos próximos seis meses registraram queda de 1,1%.

A pesquisa revela que a maioria dos entrevistados não está disposta a adquirir bens como carros e imóveis ou a viajar nas férias. Campelo diz que o aumento do endividamento nos últimos meses limita a capacidade do consumidor de contrair novas dívidas.