Título: Logística prejudica alimentação
Autor: Rafael Rosas e Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 01/11/2005, Economia & Negócios, p. A20

O número de operadores logísticos para o segmento de food service ainda é muito pequeno no Brasil se comparado a outros países, afirmou Roberto Denuzzo, gerente geral da Sadia, durante o evento Food Service - Um novo caminho de desenvolvimento para o Brasil, realizado ontem pela Casa Brasil, com apoio da Agência Internacional Privada de Desenvolvimento do Mercado de Alimentos (Fispal), Gazeta Mercantil, Forbes e Jornal do Brasil, no auditório da Fecomércio em São Paulo.

- A carência de um transporte mais eficiente é um dos principais entraves para o crescimento do setor - disse.

Para ele, a eficiência nas entregas para os pequenos clientes é um desafio para o setor.

- A operação poderia ser otimizada se os concorrentes utilizassem os mesmos operadores logísticos, mas isso não acontece - afirmou Denuzzo.

Para o diretor da divisão de food service da Nestlé, Jürg Blaser, a evolução do sistema de distribuição também é uma meta para a companhia. A divisão representa cerca de 7,5% do faturamento da Nestlé. O sócio-diretor da Fast & Food, Enzo Donna, concorda que o Brasil é carente de infra-estrutura.

- Se não tivermos uma malha logística adequada, o setor vai patinar em crescimento.

Donna afirmou que o brasileiro gasta 24% da renda em alimentação fora do lar, percentual que cresce para 26% em São Paulo, 33% no Rio e 37% em Brasília. O setor movimentará R$ 38,5 bi em 2005, 12,8% acima de 2004, prevê a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação.

A tendência, segundo Donna, é que o conceito de produtos de acordo com as necessidades do mercado cresça, com investimentos na inovação de formatos e embalagens, além da estruturação de linhas de produção especiais.

- Nos próximos anos, o food service será considerado estratégico nas empresas, com estruturas de vendas específicas.

A carga tributária brasileira e a falta de diplomacia do governo estão entre os principais problemas a serem enfrentados para viabilizar o crescimento do segmento no Brasil, ressaltou Denuzzo.

- É preciso desonerar a cadeia produtiva. No Brasil, quanto mais se produz, mais se paga - afirmou o executivo.

A Nestlé quer ampliar o nível de atividades conjuntas com clientes, como a parceria com o Bob's, que passou a oferecer uma miniatura de leite-moça (Mocinha) como sobremesa. Segundo o presidente do Bob's, Ricardo Bomeny, já foram vendidas 2 milhões de unidades do Mocinha na rede.

- O consumidor percebeu a parceria, tanto que comprou mais - disse Bomeny.