Título: Uma boa briga entre senadores do PDT
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 02/11/2005, País, p. A4

O senador Jefferson Peres (PDT-AM) decidiu lançar sua pré-candidatura à Presidência da República. O gesto é uma resposta ao senador Cristovam Buarque (DF), que mal chegou ao partido e já coloca o seu nome na lista de candidatos à disputa pelo Planalto em 2006. Antes de desembarcar no PDT, Cristovam foi procurado por Peres, que queria saber se ele tinha a pretensão de disputar a sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Cristovam disse que não.

Ex-governador do Distrito Federal e ex-ministro da Educação, Cristovam acha que o PDT é uma alternativa à polarização entre o PT e o PSDB e às candidaturas de extrema esquerda. Também afirma acreditar que é o nome natural da legenda para a missão.

Mas o senador Jefferson Peres avisa que não deixará o caminho livre para Cristovam. Além de estar há mais tempo no partido, o senador pelo Amazonas defende que a decisão deve ser dos militantes. E brigará para ser o escolhido.

Ando meio desligado O recrudescimento do embate entre governo e oposição tem levado parlamentares de peso a se esquecer de regras básicas do jogo. Caso do líder do PFL no Senado, José Agripino Maia (RN).

Invertendo papéis Em nota sobre a denúncia de aporte de dólares de Cuba para a campanha de Lula em 2002, Agripino disse que cabia ao PT ''provar que a notícia não tem fundamento''. O ônus da prova, como sabe qualquer rábula, é do acusador.

Inimigo declarado Acabou a paciência dos advogados da União com o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato. O motivo são os repetidos protestos de Busato contra o hábito do governo de recorrer de decisões judiciais.

Sem escolha Segundo os advogados da União, a lei os obriga a recorrer até o fim em nome da defesa do interesse público, sob pena de punições administrativas. Tal regra não vale para as bancas de advocacia privadas.

Será que vai? O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), aguarda apenas o sinal verde da Mesa Diretora para ler o requerimento de criação da CPI do Caixa Dois, conhecida como CPI da ''chance zero'' porque todos duvidam que oposição ou governo tenham real interesse em instalá-la.

Tudo quase pronto A Mesa está terminando de fazer a conferência das assinaturas. Pelos cálculos de Renan, a leitura será feita amanhã mesmo.

Procura-se A Câmara procura interessados em explorar o espaço antes ocupado pelo restaurante Fiorella, do empresário Sebastião Buani. Diante da falta de interesse, estuda promover uma licitação em breve.

Mais acusações Está na pauta da sessão plenária do STF de amanhã o acolhimento ou não de denúncia do Ministério Público contra o deputado José Janene, líder do PP na Câmara, para que ele seja processado e julgado por crime de corrupção ativa.

Caso antigo O inquérito contra Janene começou em 1997, ainda na época em que as Casas do Congresso tinham de dar licença para que seus integrantes fossem processados no Supremo por crime comum. O relator é o ministro Cezar Peluso.

Em tempo O deputado José Janene até hoje não foi localizado pelo Conselho de Ética para ser notificado e apresentar sua defesa. É o único nessa situação.

Rapidinha O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) deu ontem uma passada rápida no plenário do Senado para uma conversa ao pé do ouvido com os poucos parlamentares que lá estavam.

Imigrantes sem pouso O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) comprou uma briga com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. O motivo: os imigrantes mineiros. Segundo o senador, apesar de mais da metade dos imigrantes brasileiros nos Estados Unidos serem de Minas, o governador vetou o desembarque em Belo Horizonte de um vôo que repatriaria 196 brasileiros na última semana.

- Ele deve estar com medo de o Estado ser estigmatizado. Mas ele deveria se envergonhar com a ida deles para buscar emprego nos EUA, não com a volta.

Jogo Rápido

Anda a passos de tartaruga na Câmara a emenda constitucional que prorroga até 31 dezembro o prazo para aprovação das reformas política e eleitoral. Isso, claro, se a idéia é que as novas regras balizem o pleito de 2006. Ontem, a comissão especial da Casa que cuida do assunto aprovou apenas um relatório preliminar do texto. Pelo cronograma de votações, a mudança constitucional será aprovada no Congresso quase no fim do ano. Na prática, significa que as mudanças que interessam de fato estão enterradas. SÉRGIO PRADO (Com equipe)