Título: Brasil recebe Bush como ''persona non grata''
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Fonte: Jornal do Brasil, 03/11/2005, País, p. A2
Em sua primeira visita ao Brasil, o presidente norte-americano George Bush desembarcará com recepção de boas vindas às avessas. Afastados do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os movimentos sociais preparam manifestações por todo país em protesto à visita do norte-americano. Preocupada com as manifestações, a equipe que cuida da visita destacou 500 policiais federais para garantir a segurança da comitiva. A chamada ''Operação América'' ainda vai contar com o apoio das agências de inteligência americanas, do Ministério da Defesa, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
Tanto cuidado com o presidente norte-americano justifica-se pela série de manifestações previstas. Já há pronta uma agenda de protestos contra o presidente norte-americano. As frentes sindicais e entidades estudantis que organizam protestos ''anti-Bush'' planejam manifestações para os dois dias que a comitiva vai permanecer no país.
Destacam-se na organização dos protestos, a União Nacional dos Estudantes, Central Única dos Trabalhadores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Estadual dos Estudantes do Mato Grosso do Sul, União Sul Mato Grossense dos Estudantes Secundaristas, Centro Brasileiro de Solidariedade e Luta Pela Paz (Cebrapaz), Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul, e as militâncias do PDT, PT, PPS e PSOL.
Diante de tantos protestos previstos, o contingente disponibilizado pelo governo para a segurança do presidente norte-americano é maior do que o utilizado na ocasião da visita de seu antecessor, Bill Clinton. Durante a permanência de Clinton no Brasil, o governo Fernando Henrique Cardoso mobilizou 200 policiais federais para cuidarem da segurança. Menos da metade dos convocados para a ''Operação América''.
George Bush não vem sozinho. Fazem parte da comitiva do governo norte-americano sua mulher, Laura Bush, e a secretária de Estado, Condolezza Rice. Segundo a assessoria da Polícia Federal, os peritos das divisões técnicas da instituição devem fazer varreduras, além de utilizar cães farejadores, para perscrutar os lugares por onde deve passar a comitiva americana.
Bush deve ficar menos de 24 horas em território brasileiro, mas uma verdadeira operação de guerra está sendo montada para a visita. A Operação contará com atiradores de elite nos tetos da estação de autoridades onde o presidente deve desembarcar. O Ministério da Justiça será responsável pelo comando das ações, apesar de geralmente o Exército cuidar dos preparativos para a recepção de chefes de Estado. Até mesmo a Marinha atuará no esquema, com o patrulhamento do lago Paranoá, principalmente nos locais próximos ao Hotel Blue Tree, onde está previsto que Bush passe a noite de sábado para domingo. O controle do espaço aéreo será feito pela Aeronáutica.
Bush vem ao Brasil aproveitando a 4ª Cúpula das Américas, que reúne 33 presidentes do continente na sexta-feira e no sábado, na Argentina. Entre os temas mais polêmicos na pauta dessa cúpula está a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) , emperrada desde 2004. A Alca é o ponto de maior crítica dos movimentos sociais no que diz respeito a agenda política de Brasil e Estados Unidos.
Os EUA, junto com outros países, como Canadá e México, querem impulsionar o bloco comercial durante o encontro, fixando uma data para o seu lançamento já em 2006.
Com agências