Título: Até claques entram em jogo na briga dos deputados
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 03/11/2005, Brasília, p. D3
Na terça-feira José Edmar subiu à tribuna para comentar a fita divulgada na semana passada. Segundo o distrital, agora ficou claro que tudo não passou de uma armação contra ele. Edmar estava indignado porque Wigberto Tartuce teria confirmado tudo o que está na fita. A gravação é atribuída a uma conversa entre as filhas de Panta e o secretário de Relações Institucionais e de Cooperação de Poderes do DF. A voz atribuída a Vigão diz que se algo lhe acontecer não apenas Edmar como toda a sua família desapareceriam da Terra.
Na fita, o secretário teria dito ainda que se sua cabeça valia R$ 150 mil, ele poderia pagar mais para conseguir a de Edmar. Vigão referia-se à quantia negociada na primeira fita para a encomenda de sua morte. O deputado licenciado também teria oferecido auxílio para a família de Panta dizendo que arrumaria dinheiro para toda a família do líder comunitário em troca de apoio.
- A partir de agora só vou chamá-lo de Vigaristão - disse Edmar da tribuna, afirmando ainda que o secretário não valia os R$ 150 mil anunciados pela execução do secretário.
Durante o discurso do parlamentar, a galeria da Câmara Legislativa lotou com a presença de manifestantes do Prona/DF. Nas faixas os manifestantes demonstravam o apoio e a solidariedade do partido ao deputado. No dia anterior, o secretário Wigberto Tartuce esteve na Câmara Legislativa percorrendo os gabinetes. Ele afirmou que a visita foi para conversar com seus pares, mas disse que nunca mais falará sobre esse assunto.
- A Assembléia Legislativa é a casa do povo, não foi feita para servir de palco para briga de parlamentares. Estou muito envergonhado com tudo isso e só estou vivo porque tive a sorte de receber a fita. Mas a partir de agora não mais falarei, nem responderei as provocações do José Edmar. O problema dele é com a Polícia Civil e a Polícia Federal.
A líder do governo na Câmara Legislativa, deputada Anilcéia Machado (PMDB), disse que a reunião de líderes ocorrida na segunda-feira, na Casa, não tratou do assunto, mas só de um acordo a respeito das emendas no orçamento do governo para 2006.
- Ficou acertado que cada parlamentar poderá apresentar até um total de R$ 4 milhões divididos em até 40 emendas. Essa questão [a briga entre os dois deputados]não foi abordada. Não estamos querendo misturar as coisas, trata-se de dois colegas e está claro que é uma questão de cunho pessoal. A Casa vai sim tomar as providências dentro das instâncias cabíveis, mas não podemos nos reunir para deliberar sobre isso, porque trata-se de briga pessoal - afirma a líder do governo.