Título: Longo percurso para unir distritais
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 03/11/2005, Brasília, p. D3
A troca de acusações entre o deputado distrital José Edmar (Prona/DF) e o secretário de Relações Institucionais e de Cooperação entre Poderes do DF, o deputado distrital licenciado Wigberto Tartuce (PP), está longe de ter um fim. A representação apresentada pela bancada do PT à Mesa Diretora da Câmara Legislativa só deverá ser lida na quarta-feira da próxima semana e o inquérito instaurado pela Polícia Civil do DF aguarda o depoimento de Edmar. O deputado distrital Fábio Barcellos (PFL), presidente da Casa, lamentou que a discussão entre Edmar e Tartuce (conhecido como Vigão) tenha envolvido o Legislativo. Ele garantiu que o caso será encaminhado para a análise da corregedoria tão logo a Mesa Diretora leia as representações. Segundo Barcellos, apesar do pedido de investigação dos deputados ter sido protocolado na reunião de quarta-feira da semana passada, ele ainda não tinha sido formalizado.
- Seguindo o Regimento Interno, sou obrigado a colocá-los na próxima reunião. Como tivemos o feriado de Finados, o processo será apreciado e encaminhado ao Plenário para a leitura na reunião do dia 9, quarta-feira da próxima semana - afirma o presidente da Câmara Legislativa do DF.
Após a leitura, o processo segue para a análise da Corregedoria. Caso sejam encontrados casos que comprometam a vida dos parlamentares a representação seguirá para a Comissão de Ética. A corregedora, deputada Eliana Pedrosa, terá até 15 dias para verificar as acusações. A Comissão de Ética terá mais 25 dias para apresentar seu parecer.
A deputada Érika Kokay (PT/DF), que participa da Comissão de Ética da Câmara teve acesso à cópia do inquérito e das fitas. Ela reclama da demora para a leitura das representações contra Edmar e Vigão e diz que isso é injustificável e preocupante. Com o atraso e devido à proximidade do recesso parlamentar o caso deverá ser julgado apenas após fevereiro do próximo ano.
- As fitas têm uma série de lacunas, mas cabe à Polícia Civil investigar as questões envolvidas. A Comissão de Ética irá verificar se houve quebra de decoro parlamentar dos deputados - afirma Kokay.
A briga entre os dois distritais é antiga. Em 2003 José Edmar passou 29 dias na cadeia acusado de grilar terras públicas. Desde que foi libertado, Edmar acusa os deputados Eurides Brito e Wigberto Tartuce de terem colaborado para incriminá-lo. Há cerca de quatro meses, uma fita foi distribuída pelos gabinetes da Câmara Legislativa do DF. Nela o líder comunitário de Planaltina Carlos Panta negociava o assassinato de Vigão supostamente a mando de José Edmar.
Na ocasião, Edmar negou tudo e disse que o conteúdo da fita não passava de uma armação para gerar sua cassação. Em uma segunda gravação, que apareceu depois, Panta desmente a história e inocenta o deputado. Na terceira fita, divulgada na semana passada, uma voz atribuída a Wigberto Tartuce ameaça José Edmar de morte em conversa com as filhas de Panta. A voz de Edmar não aparece nas gravações.