Título: Porque o dinheiro é público
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A3
Embora montante que abasteceu o esquema do empresário Marcos Valério tenha saído da empresa privada Visanet, os R$ 10 milhões são parte da cota de um fundo da empresa que cabia ao Banco do Brasil e, portanto, dinheiro público. O banco é dono de 33% da Visanet.
Na noite de ontem, a administradora de cartões de crédito informou, em nota enviada à imprensa, que realizou pagamentos à DNA Propaganda, empresa de publicidade de Marcos Valério, por ordem do BB.
A nota explica que a Visanet possui um Fundo de Incentivo ao Marketing, que destina anualmente verba aos seus acionistas. O montante deve ser utilizado para financiar campanhas de marketing e publicitárias para os cartões de crédito e de débito.
Segundo a administradora de cartões, o Banco do Brasil ordenou que sua parte na campanha publicitária fosse feita pela DNA propaganda.
''O Banco do Brasil indicou a DNA Propaganda como a agência responsável por suas campanhas publicitárias na promoção dos seus cartões de crédito e de débito'', diz a nota.
Em seguida, a Visanet esclarece que o dinheiro refere-se a uma cota do fundo que era do Banco do Brasil:
''Os valores pagos pela Visanet à DNA referem-se à cota do Fundo de Incentivo que coube ao Banco do Brasil e a ele alocados para as suas ações de marketing. O uso dos recursos teve sua aplicação a cargo do Banco do Brasil''.
Também em nota enviada ontem à imprensa, o Banco do Brasil admite que pagou R$ 9,1 milhões à DNA Propaganda por serviços de marketing que nunca foram prestados. O Banco não faz referência, porém, ao esquema de corrupção do empresário Marcos Valério e diz que entrou na Justiça contra a DNA para reaver o dinheiro no dia 25 de outubro deste ano.
''Com relação aos R$ 9,1 milhões, o Banco do Brasil encaminhou, em 25/10/2005, notificação extra-judicial à agência DNA, tendo em vista que até o presente momento encontra-se pendente de conciliação a aplicação desses recursos em ações de marketing referentes a projetos autorizados pelo BB'', diz a nota do Banco do Brasil.
O banco diz, ainda, que ''não compactua e condena eventuais desvios que possam ter ocorrido na destinação desses recursos''.