Título: ''Tese de caixa 2 não se sustenta''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A3
Delcídio diz que os recursos não contabilizados foram só ''estratégia de defesa''
BRASÍLIA - Até mesmo o petista Delcídio Amaral (MS) parecia convencido da culpa do PT diante das novas descobertas da comissão que preside. Evidências apresentadas pelo relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), levaram Delcídio a afirmar que ¿com certeza¿ não se trata somente de caixa dois as denúncias que pesam contra o partido. ¿ O caixa dois serviu como uma estratégia de defesa. Só valeria se começássemos a interpretar como caixa dois cem números de outras coisas. A tese dos empréstimos não se sustenta ¿ afirmou em entrevista ao site UOL News.
De acordo com o senador, os trabalhos da comissão já apontavam para essa conclusão, pois as datas dos ¿falsos¿ empréstimos tomados por Marcos Valério e repassados ao PT não coincidem com períodos eleitorais. O senador sinalizou que as investigações parlamentares podem cair na jurisdição criminal. O petista não descarta e existência do mensalão, mas voltou a questionar a periodicidade dos repasses.
¿ Essa coisa de mensalão pode indicar periodicidade, mas não é bem assim. Isso pode caminhar ao sabor dos interesses, mudança partidária, votações importantes. Há uma série de alternâncias que estão sendo olhadas dentro da própria cronologia ¿ analisou.
Dentro do próprio PT, o deputado federal José Eduardo Cardozo (SP) já havia afirmado que o argumento de repasses de recursos não declarados para campanha eleitoral seria incoerente. Cardozo chegou a afirmar que a tese dos empréstimos seria ¿fachada¿.
Delcídio já apontou, em outras ocasiões, a história mal explicada dos recursos do PT. Depois dos documentos recolhidos por Serraglio, o presidente da CPI dos Correios considera que os resultados das investigações parlamentares ultrapassam a quebra de decoro e poderiam até mesmo serem transferidos para esferas criminais.
¿ As assessorias jurídicas das CPIs estão fazendo uma avaliação quanto às outras conseqüências, além de falta de decoro. Você já vê tráfico de influência, sonegação fiscal, uma série de coisas diretamente associadas ¿ afirmou.
Apesar concordar que os rumos da CPI estão mais para punições prevista no código penal do que para sentenças proferidas pelo Conselho de Ética da Câmara, o presidente da Comissão considerou precipitado o gesto do relator em mostrar os documento que envolvem outra estatal no centro da crise.
¿ Toda a CPI está ansiosa para ver os resultados. Mas para evitar erros, gastar mais alguns dias não faz mal a ninguém ¿ concluiu.