Título: Sub-relator critica Serraglio
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A4

BRASÍLIA - O sub-relator da CPI dos Correios Carlos Abicalil (PT-SP) criticou a decisão do relator da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de divulgar informações sobre o desvio de recursos do Banco do Brasil para o ''valerioduto''. Abicalil diz que o relator faz ''ilação'' e ''arrisca sua credibilidade'' ao divulgar fatos que podem ser contestados. Segundo o petista, o BB admite que R$ 9,095 milhões repassados à DNA, agência de Marcos Valério Fernandes de Souza, por enquanto, não têm despesa comprovada. Mas, no documento repassado ontem à tarde à CPI, os técnicos do banco cobram a conciliação das contas da DNA. De acordo com o petista, ainda é possível que a DNA comprove a aplicação dos recursos, o que contestaria a tese de Serraglio:

- Tenho convicção de que é uma precipitação. É muito precoce conceber uma versão como essa - afirmou.

Abicalil disse que a falta de notícias pós-feriado pode ter motivado Serraglio a convocar entrevista para revelar o suposto esquema antes de levar o assunto aos demais integrantes da CPI. Caso a CPI desminta a versão de que o BB patrocinou o esquema de repasse ao PT, Abicalil afirmou que a comissão ficará desprestigiada e terá dificuldades em prosseguir nas investigações:

- Lamento porque isso envolve uma pessoa [Serraglio]que tem que manter sua credibilidade até o final.

O advogado Mario de Oliveira Filho, que representa o ex-diretor de Marketing do BB, Henrique Pizzolato, disse que as decisões sobre os contratos de propaganda da empresa na gestão do ex-diretor eram feitas por comitês e não exclusivamente por Pizzolato. A afirmação do advogado foi uma resposta à conclusão parcial das investigações feitas pela CPI nos contratos da DNA Propaganda, empresa de Marcos Valério de Souza, e a Visanet, empresa controlada pelo BB.

Segundo o relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), a Visanet teria favorecido a DNA Propaganda em contratos de R$ 73,8 milhões, entre 2003 e 2004, quando Pizzolato era diretor de Marketing do BB. Além disso, em 2003, o BB teria feito uma nota técnica informando à Visanet que apenas a DNA cuidaria das contas de publicidade, que antes eram divididas entre três empresas.

O advogado Mario de Oliveira Filho disse que não tinha conversado com Pizzolato e que seria preciso conhecer mais o relatório da CPI para que pudesse falar sobre a denúncia apresentada ontem:

- É preciso verificar a veracidade da acusação e fazer um levantamento para ver até onde isso tem conteúdo. São tantas acusações que morrem na praia, que seria preciso uma verificação.