Título: CPI ainda tem que rastrear mais R$ 45 milhões
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A4

Marcos Valério recebeu verba do BB, admite sócio em nota enviada à Polícia

BRASÍLIA - Depois de encontrar a primeira fonte de recursos das contas do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, a CPI dos Correios prossegue as investigações para descobrir a origem de outros R$ 45 milhões. A CPI já descobriu que R$ 10 milhões vieram do Banco do Brasil. O restante dos recursos que completariam o total de R$ 55 milhões repassados por empresas de Valério ao PT ainda não tem fonte definida. O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), não se arrisca a dizer que outras empresas estatais possam ter sido usadas para o desvio de recursos.

A assessoria de Marcos Valério informou ontem que ele só vai se manifestar após a divulgação do relatório da CPI dos Correios, na próxima semana. O advogado Marcelo Leonardo, contratado por Valério, divulgou nota que a DNA Propaganda encaminhou à Polícia Federal, em 22 de setembro passado, com informações sobre a verba Visanet.

Os peritos da PF já haviam questionado a DNA sobre repasses de R$ 58 milhões. A nota é assinada por Francisco Castilho, presidente da agência em que Valério foi sócio.

- Relatamos o que é do nosso conhecimento sobre a verba Visanet, repassada pelo Banco do Brasil às três agências de publicidade que o atendem - diz a nota com 11 tópicos e uma observação ao final: ''nota fiscal de 8/5/03, R$ 23 milhões, e nota fiscal de 13/2/04, R$ 35 milhões''.

O sócio de Marcos Valério informou que a verba da Visanet foi repassada para as agências antecipadamente e que as empresas abriram uma conta bancária especial para abrigar o dinheiro, com prestações de contas periódicas.

Ele diz, ainda, que ''a operação Visa não faz parte do contrato publicitário das três agências com o Banco do Brasil''.

A nota da DNA diz que o dinheiro é proveniente de um fundo administrado pelo Banco do Brasil, Bradesco, Banco Real e pela própria Visa.

''O BB é quem dá destinação à parte que lhe cabe nessa verba, indicando à agência de publicidade onde ela será empregada e o valor que será investido. As agências são comissionadas pela administração dessa verba'', diz a nota.

De acordo com o documento encaminhado à PF, ''as ordens para o uso da verba Visanet são dadas diretamente pela diretoria de Marketing e Comunicação, à qual as agências de publicidade estão subordinadas, e recebem pareceres da diretoria de Varejo, que são aprovados pelos conselhos e controles internos do banco''.

Segundo o sócio da DNA, há um rodízio entre as três agências de publicidade que atendem ao banco no repasse da verba Visanet. Ele acrescenta que ''também é freqüente ocorrer que o banco autorize o pagamento de fornecedores, veículos e valores de promoção ou patrocínio para as três agências, simultaneamente''.

Castilho informou que a verba, que é antecipada e depositada em uma conta corrente e faturada pela Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP), ''com CNPJ diferente ao do BB''.