Título: Interesses em jogo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A8

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve aproveitar a visita ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, para reforçar o interesse brasileiro de permanecer no Sistema Geral de Preferências, que prevê redução de tarifas das exportações feitas aos Estados Unidos. O governo americano exige que haja efetivo combate à pirataria no país para manter benefícios aos exportadores brasileiros. Nesta semana, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, teve uma conversa por telefone com o Representante de Comércio dos EUA, Robert Portman, sobre o tema. Como resposta, Portman afirmou que irá avaliar a questão ''com interesse''.

Segundo o subsecretário de assuntos políticos do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Patriota, outro tema de conversa entre os dois presidentes será a ampliação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com Patriota, após negociações entre os dois países, em setembro, o governo americano decidiu apoiar o Brasil na proposta de ampliação do conselho.

Houve pouca sinalização por parte do governo americano sobre qualquer apoio ao pleito brasileiro de ocupar cadeira permanente no conselho, até agora. Em abril, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, em visita ao Brasil, limitou-se a afirmar que o país seria forte candidato a vaga permanente ''caso a ONU passasse por uma reformulação desse porte''. Bush mantém a mesma postura esquiva. Mas Lula tentará apoio mais claro na conversa deste domingo.

As negociações da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio também serão tratadas. O governo brasileiro espera que os EUA cumpram as decisões da OMC à favor do Brasil. Os EUA mantém subsídios aos seus produtores de algodão, mesmo com decisões do organismo, que determinam o fim dos benefícios.

Patriota afirmou ainda que o governo brasileiro não tem como estar insatisfeito com as declarações elogiosas de Bush ao presidente Lula e de que o Brasil é importante para a consolidação da democracia na América Latina.

Esse contentamento com os elogios do presidente norte-americano não significam, entretanto, nenhum tipo de alinhamento com as condutas americanas, ressalvou Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência:

- Manteremos nosso posicionamento independente em relação aos EUA - resumiu.