Título: Espaço aéreo de Brasília fechado
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, País, p. A8

Aeronaves não poderão sobrevoar a menos de 19 quilômetros do hotel onde Bush e sua comitiva ficarão hospedados

Folhapress

BRASÍLIA - O espaço aéreo de Brasília ficará fechado em uma área de mais de mil quilômetros quadrados na passagem do presidente dos EUA, George W. Bush. Além disso, no hotel do norte-americano, com os 395 quartos isolados para a comitiva, nenhum brasileiro vai chegar a uma distância de menos de 40 metros de sua suíte. Entre o início da noite deste sábado e o fim da tarde de domingo, período de permanência de Bush em Brasília, ficará proibido o vôo de qualquer tipo de aeronave numa zona de exclusão a ser criada num raio de 19 km a partir do hotel em que a comitiva norte-americana ficará hospedada. No esquema especial montado pela Força Aérea Brasileira (FAB), sobre o hotel e a residência oficial da Granja do Torto, estão vetados vôos de helicópteros, aeronaves comerciais e até ultraleves.

Com o auxílio de aviões radar R-99 A, de caças supersônicos F-5 e dos Super Tucanos A-29, o espaço aéreo do Distrito Federal também será monitorado por radares fixos do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo. O aeroporto de Brasília, porém, não será afetado.

Em solo, toda a operação de segurança ficará por conta da Polícia Federal. Na ''Operação América'' serão 500 homens, 250 deles do serviço de inteligência e segurança da Casa Branca. Os demais, agentes da PF, que promete não reprimir manifestações pacíficas contra a presença de Bush.

A suíte do presidente já foi vistoriada e está isolada desde terça-feira. Ninguém é autorizado a entrar no quarto. Ontem, funcionários do governo americano começaram uma varredura nos 395 apartamentos.

Segundo o gerente-geral do Blue Tree, Mário Dias, a comitiva de Bush não fez nenhum exigência especial, ao contrário do que aconteceu durante a cúpula Árabe, quando foi necessário até colocar tapete ''cor de pôr-do-sol'' em um quarto. A Casa Branca pediu apenas um café-da-manhã comum para Bush, com suco de laranja, frutas, como manga e mamão, e omelete. A comida será preparada por funcionários do hotel - são 300 - e será levada somente até um ponto a 40 metros da suíte. Dali pra frente, só gente do governo dos EUA.

A suíte em que Bush vai ficar tem 450 metros quadrados, três quartos, ante-sala, escritório com internet de alta velocidade e decoração toda de designs brasileiros. O preço é de R$ 8 mil. Os quartos mais baratos custam R$ 205. Pela tabela, cada dia da comitiva no hotel sairia por ao menos R$ 100 mil. O Blue Tree é dividido em duas partes: o Park, onde ficará a comitiva, e o Towers, que tem moradores e hóspedes. Esse outro prédio funcionará normalmente, mas os clientes serão cadastrados e a segurança reforçada.

A partir das 8h deste sábado, bem antes da chegada de Bush, a movimentação já será restrita, e o esquema só será relaxado às 20h de domingo.

Mesmo depois dos protestos cada vez mais violentos na Argentina e no Brasil, a PF informou que só agirá se houver risco à comitiva dos EUA.

- O país é livre, a democracia está em pleno vapor. Não haverá repressão contra as palavras de ordem, faixas e cartazes. Só haverá repressão, se for colocada em risco a integridade física e mental do dignitário - disse o coordenador de Defesa Institucional da PF, Wilson Damázio.

Ontem, em Brasília, já ocorreram manifestações. Cartazes contrários ao norte-americano foram colados em diferentes pontos, e paredes e marquises da Catedral e do Memorial JK amanheceram pichados com pedidos de ''Fora Bush''.