Título: Amigos, amigos; negócios à parte
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 07/11/2005, País, p. A2

A visita oficial do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil serviu para reforçar a relação amistosa entre os dois países e seus comandantes, mas rendeu poucos resultados em relação aos principais pleitos brasileiros no cenário internacional, o que já era esperado. Só fugiu do script idealizado pela diplomacia brasileira o desfecho do último discurso: ¿ O governos do hemisfério têm de ser livres de corrupção.

Foi a única referência ao tema, que gera crise em Brasília, durante a estada de menos de 24 horas no Brasil.

Não mereceu comentário de integrantes do governo brasileiro. Estes, apesar de Bush não ter manifestado apoio ao projeto do Brasil de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), fizeram um balanço ¿extremamente positivo¿ das reuniões bilaterais, expressão cunhada por Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais.

Bush concordou que o fim dos subsídios agrícolas é prioritário e poderá até impulsionar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Ciente das restrições atuais à Alca nos países do Mercosul e na Venezuela, o presidente dos Estados Unidos apresentou uma espécie de ¿plano B¿ em encontro com jovens lideranças nacionais.

Antes de embarcar ao Panamá, e sem conseguir vender seu principal peixe, Bush combinou com Lula uma pescaria em rios brasileiros. O americano teceu elogios ao churrasco brasileiro oferecido a ele na residência oficial da Granja do Torto e `aprendeu¿ onde ficava a Amazônia. Escolhida a dedo por Lula, a carne veio do Mato Grosso do Sul, onde foram descobertos focos de febre aftosa.

Apesar do desejo do deputado federal João Batista Oliveira de Araújo, o Baba (PSOL-AL), de que a carne servida a Bush estivesse infectada, isso não ocorreu.