Título: Manifestações ficam distantes do presidente Bush
Autor: Patrícia Alencar
Fonte: Jornal do Brasil, 07/11/2005, Brasília, p. D1

O presidente dos Estados Unidos. George W. Bush, embarcou no final da tarde para o Panamá. Nas poucas horas em que esteve na capital federal, ele e sua mulher, Laura Bush, passaram incólumes pelos protestos. Nem mesmo o aparato policial, montado para proteger o casal e sua comitiva, teve muito trabalho. Quem imaginou grandes manifestações contra os norte-americanos ficou frustrado. Foram poucas e com baixa adesão. Na Esplanada dos Ministérios, tradicional palco, não mais do 40 pessoas se reuniram diante do Congresso Nacional com faixa estendidas para expressar o descontentamento com o visitante. ''Bush troglodita, fora da América Latina''. Como adereços, vários bonecos e cruzes para simbolizar as inúmeras vítimas da guerra Estados Unidos e Iraque.

O artista plástico Cirílo Quartim afirmou que os protestos sociais são importantes para mostrar a opinião do povo, mesmo que seja apenas com uma pessoa. Durante o protesto o artista segurava uma bandeira com os dizeres: ''Fora Bush''.

- A política externa do Bush reflete uma política de exploração e dominação. O imperialismo americano é que tem que ser combatido imediatamente. Não podemos tolerar essa submissão - disse Quartim.

O movimento reuniu pessoas de todas as idades. As crianças também empunharam bandeiras contra o presidente norte-americano. Com pouca idade, mas com muita clareza nas palavras, o pequeno Gabriel Maia, de 9 anos, pedia a prisão de Bush:

- Se o George Bush fosse preso muitas coisas ruins não aconteceriam, como por exemplo as mortes no Iraque. Ele já matou muita gente inocente, por isso ele deve ir para a cadeia. Quando ele não governar mais é possível ter paz nos países.

Depois das fotografias e declarações à imprensa, o grupo seguiu para a Granja do Torto, onde Bush era esperado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um churrasco. As barreiras feitas pela Polícia Militar impediram que os ativistas ultrapassam o limite de segurança estabelecido para proteger a residência oficial.

Nos portões da Granja, o protesto ganhou um pouco mais de força. Cerca de 80 pessoas gritavam frases contra o Bush exibiam faixas com expressões como ''Bush assassino''. O grupo queimou ainda um boneco que representaria o presidente norte-americano.

No lado oposto à Granja do Torto, o alvo foi a lanchonete McDonald's, um dos símbolos norte-americanos. Encapuzados ou com máscaras, integrantes de seis movimentos tomaram a filial McDonald's, próxima à Torre de TV. Penduraram faixas pelas janelas da lanchonete e fizeram um ato contra o capitalismo e a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Levaram para a lanchonete o que chamavam de ''refeição saudável'': com arroz, feijão, alface, farofa e suco. O grupo se reuniu nas mesas da lanchonete e almoçaram.

A manifestação não interferiu no movimento da loja. Os clientes não deixaram de comprar seus sanduíches. A artesã Elnice Garcia Cunha disse que não se importava se a comida era americana ou não, apenas gostava dos sanduíches.

A assessoria do McDonald's afirmou que o ato era pacífico e que as pessoas têm o direito de protestar. Agentes da PM não interferiram.

Durante o protesto, dois militantes do PT tentaram ingressar no movimento. Os ativistas protestaram contra a presença deles, alegando que o movimento não era ligado a nenhum partido político.

- Não queremos que a nossa manifestação ganha cara de protesto político, ainda mais sendo do PT. Já estamos organizando esse ato há meses, agora querem usá-lo para chamar atenção de políticos, não vamos deixar.