Título: Anticúpula repudia a Alca
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2005, Internacional, p. A9
A 3ª Cúpula dos Povos foi encerrada ontem à noite com uma forte condenação à Alca e à militarização do continente. Para hoje estão previstas uma gigantesca marcha e um comício contra o presidente dos EUA, George Bush, que devem reunir pelo menos 40 mil pessoas.
- Não é questão de reviver a Alca, é de enterrá-la definitivamente - disse o canadense Ricardo Arnold, um dos coordenadores, referindo-se às tentativas americanas de retomar o tema na Cúpula das Américas. Hoje, o documento final da Cúpula dos Povos será apresentado no Estádio de Mar del Plata, com as conclusões de 160 fóruns e a participação de 7.000 delegados de 34 países. Depois da chegada do trem anti-Bush, os manifestantes marcharão novamente para o estádio, onde haverá um discurso do presidente Hugo Chávez e uma apresentação do cantor cubano Silvio Rodríguez.
Ricardo Arnold lamentou que ''alguns países, como Canadá, Chile e México, estejam desempenhando papel em defesa dos EUA (na cúpula oficial) para pôr a Alca novamente na agenda''. Centenas de ativistas chegaram ontem para acompanhar as atividades da cúpula paralela, em meio ao coro: ''Bush fascista, você é terrorista''.
Outros temas fortes no documento final da anticúpula são a dívida externa, a pobreza e a militarização no continente.
''São os povos do continente os credores, porque a dívida já foi paga várias vezes'', dirá a declaração final. O painel contra a militarização, de grande apelo, denunciou que os Estados Unidos ''estão semeando bases militares'' em distintos países latinos.
- O avanço, com diferentes regiões da América semeadas de bases militares, é incontestável. Ocorre na Argentina, Paraguai, Colômbia, Panamá e Bolívia - diz Rina Bertaccini, do Movimento pela Paz, a Solidariedade e a Soberania entre os Povos. Os participantes denunciaram ainda a globalização como ''uma forma perversa de colonização''.