Título: Operação da PF prende 52 pessoas
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2005, País, p. A6

Uma operação realizada pela Polícia Federal (PF) e pela Receita para combater crimes de contrabando e descaminho, lavagem de dinheiro e evasão de divisas resultou na prisão de 52 suspeitos -14 em São Paulo e 38 no Rio Grande do Sul, segundo balanço divulgado na tarde de ontem.

Para a ação, iniciada pela manhã, foram expedidos mandados de prisão, de busca e apreensão e de seqüestro de veículos utilizados pela quadrilha, que era investigada havia dois meses. Segundo a PF, foram apreendidos veículos, eletroeletrônicos e aproximadamente 50 mil máquinas fotográficas.

O grupo é suspeito de movimentar, mensalmente, cerca de R$ 55 milhões, principalmente em artigos eletrônicos, de informática e equipamentos hospitalares.

Os aparelhos que chegavam ao Brasil por meio do grupo eram produzidos em países asiáticos, enviados a Miami (Estados Unidos) e posteriormente ao Uruguai, em regime de trânsito aduaneiro, evitando o recolhimento de impostos no país vizinho.

Do Uruguai, as mercadorias entravam no Brasil escondidas em caminhões-baú da quadrilha, em fundos falsos ou em meio a produtos de baixo valor, como trilhos de ferro por exemplo. A quadrilha também usava notas falsas para garantir a entrada dos produtos.

Segundo a Polícia Federal, três pessoas encabeçam a quadrilha e cada uma tem papel definido na hierarquia do grupo.

Uma delas mora em Miami e é responsável pela importação das mercadorias dos países asiáticos, pela consolidação das cargas nos EUA e pelo seu envio ao Uruguai. Na capital deste país, quem cuida da encomenda é Ricardo José Guimarães, o matador. Ex-policial civil, ele é procurado por sete homicídios.

Outro suspeito de integrar o grupo mora em Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo) e é o responsável pela liberação das cargas no Uruguai, pela introdução física das mercadorias no Brasil e pelo seu transporte até a Grande São Paulo, de acordo com a PF. A terceira pessoa é o receptador das cargas descaminhadas e distribui os produtos no mercado.

O chefe da quadrilha, o principal alvo da operação, José Antônio Martins, o Jam, foi preso no fim do dia em São Paulo. Ele havia fugido antes que a polícia chegasse a um dos flats onde se hospeda. O coreano Hayang Um, suposto receptador da mercadoria que seria distribuída para comerciantes no Brasil, também foi preso.

De um dos depósitos de Stefano, na Zona Oeste de São Paulo, saíram três caminhões de produtos apreendidos. Os eletroeletrônicos abasteceriam grandes redes varejistas que, de acordo com a polícia, desconheciam a origem criminosa das mercadorias que recebiam.