Título: Chávez é saudado por manifestantes
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Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2005, Internacional, p. A9

Milhares de manifestantes tomaram as ruas de Mar del Plata ontem, para protestar contra a presença do presidente americano, George Bush, na 4ª Cúpula das Américas, que termina hoje.

Enfrentando o frio e a chuva, os ativistas percorreram a cidade, numa passeata sem incidentes que durou quatro horas. A marcha foi puxada pelo boliviano Evo Morales, candidato à presidência, pelo Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, e por Hebe de Bonafini, das Mães da Praça de Maio. Muitos manifestantes chegaram a Mar del Plata no Trem Anti-Bush, que levou 200 personalidades políticas e culturais.

Vestindo uma camisa com uma foto de Bush e a legenda ''assassino'', o ex-jogador de futebol argentino Diego Maradona, novo militante latino-americano, não participou da passeata e foi direto para o estádio Mundialito, para evitar tumultos como os de sua chegada, que provocou correria.

- É um orgulho, enquanto argentino, poder viajar nesse trem para repudiar esse lixo humano que é Bush - afirmou. - Nos causou muitos danos, mas podemos freá-lo - completou.

Bandeiras e causas se misturavam na multidão. Podia-se ver as cores do Boca Juniors, time de Maradona, as reivindicações de mulheres andinas, cartazes de indígenas bolivianos e faixas de grupos camponeses locais.

- Estamos aqui para saudar o presidente da dignidade, Hugo Chávez - disse Pérez Esquivel, durante a marcha.

A passeata foi encerrada com um ato no estádio local que reuniu 40 mil pessoas, segundo os organizadores. O evento contou com um discurso do presidente venezuelano, único chefe de Estado na ''anticúpula''.

O líder fez campanha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e propôs a retomada da Aliança para o Progresso, programa de fomento econômico impulsionado pelos EUA há 44 anos, quando o presidente era John F. Kennedy.

- A Alca está morta e vamos enterrá-la aqui - afirmou Chávez. - Em vez de dar oxigênio a um demônio morto, por que não revisamos a Aliança para o Progresso? - sugeriu.

Propôs um fundo de US$ 100 bilhões para erradicar a pobreza no continente:

- A Aliança foi uma iniciativa respeitável - disse. - Teria gostado de conhecer Kennedy. Ele soube entender o a América do Sul, África e Ásia. Talvez por isso o mataram - provocou.