Título: Indústria investe menos
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2005, Economia & Negócios, p. A18

Dólar baixo e fraco crescimento interno fazem setor adiar planos de expansão

BRASÍLIA - A indústria brasileira investiu apenas 30% do programado para o primeiro semestre deste ano. A diminuição no ritmo de crescimento da economia, a desvalorização do real frente ao dólar e o temor de queda na demanda foram os principais fatores que levaram as empresas a investirem bem menos do que haviam projetado. O dado faz parte da Sondagem Especial sobre Investimento, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o estudo, uma em cada três empresas realizou apenas parcialmente os investimentos planejados para os primeiros seis meses de 2005. As que adiaram os investimentos para o 2º semestre ou para 2006 equivalem a 20% das corporações e 16,9% decidiram interromper os aportes por tempo indeterminado.

O cenário em 2005 para as grandes empresas foi melhor do que para as pequenas e médias. Ao todo, 43,4% das grandes corporações disseram que concluíram os investimentos programados, enquanto 37,9% concluíram parcialmente. Os percentuais caem, respectivamente, para 27,3% e 33,3% no caso das pequenas e médias companhias.

Apenas 6,4% dos investimentos das grandes foram cancelados ou adiados. No caso das pequenas e médias, essa participação sobe para 18,7%.

- Houve uma frustração muito grande e hoje a expectativa para o ano que vem é bem inferior àquela do ano passado - afirmou o economista Renato da Fonseca, coordenador da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento da CNI.

A frustração de investimento em 2005 tem reflexo também na intenção de investir no ano que vem. Com o arrefecimento da atividade econômica, menos empresas do setor industrial devem comprar máquinas e equipamentos em 2006. A sondagem mostra que apenas 28,9% das empresas consultadas aumentarão as compras de máquinas em 2006 frente ao adquirido neste ano. Em outubro do ano passado, pesquisa semelhante a esta apontava que mais de 40% das empresas esperavam investir na aquisição de equipamentos.