Título: Lula: denúncia de CPI é ''absurda''
Autor: Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 06/11/2005, País, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, que acha ''absurda'' a denúncia de que o Banco do Brasil teria enviado dinheiro ao PT e afirmou que é preciso parar com o ''denuncismo vazio''. O presidente prometeu, porém, uma investigação sobre as denúncias de que dinheiro público foi parar no partido. - Acho um absurdo essa tese e o Banco do Brasil explicou ontem (sexta). O que nós precisamos no Brasil é parar com o denuncismo e com insinuações que são desmentidas no dia seguinte - afirmou Lula em Mar del Plata, onde participa da Cúpula das Américas.

O presidente chamou a imprensa para responder à denúncias. Na última semana, Lula criticou os jornalistas que tentaram fazer perguntas sobre a crise.

O presidente também pediu para que pessoas e instituições não sejam execradas antes da conclusão das investigações.

- Acho que é prudente que as pessoas não acusem nem o PT nem nenhum outro partido político, antes de ter a prova final do processo - acrescentou.

Lula respondia à denúncia do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da CPI dos Correios, sobre a suposta participação do Banco do Brasil em um esquema de financiamento irregular do PT.

Em Brasília, Serraglio divulgou uma nota rebatendo as críticas de Lula, de parlamentares governistas e do ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, de que teria se precipitado.

- Este relator não foi precipitado, nem desejou criar notícia antecipando o relatório que será apresentado na próxima quinta-feira - ressaltou.

O relator enfatizou que tem documentação que sustente as denúncias. Ele lembrou que o BB reconheceu que os serviços não foram prestados pela DNA Propaganda.

O sub-relator de movimentações financeiras da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), também afirmou ontem que, no relatório que irá divulgar esta semana, apontará outras três possíveis fontes de recursos repassados pelo empresário Marcos Valério aos indicados por Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.

Segundo Fruet, além do já citado contrato com a Visanet, os recursos teriam vindo de empresas privadas, dos trabalhos para os Correios e das bonificações que a DNA Propaganda recebia dos veículos de comunicação e não teria repassado às estatais.

Fruet afirmou que o Tribunal de Contas da União (TCU) encontrou irregularidades nos contratos dos Correios com as empresas de Valério e que houve ''sobra'' de dinheiro nas contas do empresário.

Fruet disse que não há elementos que mostrem que, nos Correios, foi realizada a mesma operação feita com a Visanet. Ele declarou, no entanto, que foram encontrados indícios de superfaturamento nos contratos e notas que foram emitidas sem que os serviços fossem feitos.

O deputado afirmou que irá apontar também no relatório que o recurso pode ter origem em empresas privadas que ''têm interesse no governo e viram no Marcos Valério a possibilidade de intermediar esses interesses''.

A quarta possível fonte de recursos, segundo Fruet, é a bonificação recebida por Marcos Valério nos contratos de publicidade.