Título: Dom Geraldo: é difícil crer em Lula
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/11/2005, País, p. A7

Presidente da CNBB critica otimismo

BRASÍLIA - Três dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter negado conhecimento prévio dos esquemas de caixa dois e de compra de deputados pelo PT, o presidente nacional da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), dom Geraldo Majella Agnelo, afirmou que ''é difícil acreditar'' nesse tipo de declaração do presidente. Segundo ele, Lula ''exagera'' ao tentar demonstrar otimismo no governo federal. Em entrevista ontem na sede da conferência, além de sinalizar dúvidas em relação à palavra do presidente sobre os casos de corrupção no governo e no PT, dom Geraldo afirmou que existe uma ''grande tentação'' para se criar um clima de impunidade diante das denúncias de irregularidades.

Arcebispo de Salvador (BA), dom Geraldo disse que assistiu parte da entrevista de Lula ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na última segunda-feira. O presidente da CNBB afirmou que é difícil aceitar quando Lula diz que não tinha conhecimento prévio das irregularidades petistas.

- Pela posição dele, como presidente, ele deve conhecer quem está ao seu lado, quem são essas pessoas. E, portanto, se cometem alguma coisa, ele deve querer saber até o fim - afirmou dom Geraldo, que completou: ''Eu penso que ele deve saber, porque isso é da sua competência. Ele não pode estar alheio ao que acontece perto de si'', afirmou.

Nesta semana, a crise política foi tema de discussões em reunião do conselho permanente da conferência, do qual fazem parte cerca de 30 bispos de todo o país. Além disso, os religiosos avaliaram a crise financeira, a reação dos movimentos sociais por conta da exclusão e o projeto do governo de transposição das águas do rio São Francisco.

O tema da corrupção, porém, é o que mais preocupa a entidade máxima da Igreja Católica.

-Há uma preocupação nossa em relação à corrupção. Essas questões precisam ser tratadas com muita seriedade e também não podem ser proteladas. Aquilo que é constatado não pode deixar de ter o seu julgamento.