Título: Itália tem o primeiro caso
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/11/2005, Internacional, p. A16

No Kuwait, foram encontradas duas aves migratórias com a doença

ROMA - Mais uma nação da Europa registra um caso de gripe da aves. As autoridades italianas anunciaram ontem ter identificado a cepa H5N1, o mais letal entre humanos, em um pato selvagem da região de Pádua (Norte). Mas o Ministério da Saúde informou que o vírus tem uma forma pouco patogênica, sem relação com o identificado na Ásia, que já matou mais de 60 pessoas desde o seu surgimento em 2003. Também foram achados ontem dois pássaros no Kuwait com gripe das aves, primeiro registro da doença no Oriente Médio.

''É similar do ponto de vista genético aos que estão normalmente presentes nas aves selvagens aquáticas européias e, portanto, não tem conseqüências para a saúde pública'', dizia o comunicado, acrescentando que a Itália não corre riscos.

- Não há motivo para alarme, nem preocupação - afirmou Elisabetta Alberti Casellati, do Ministério da Saúde.

Segundo os especialistas que analisaram a ave, 3% dos pássaros que emigram e passam o inverno nas regiões úmidas da Itália são portadores normais desta cepa do vírus. Apesar de ser do tipo H5N1, a identificada no pato italiano é completamente diferente. Além disso, o vírus foi identificado em apenas um pássaro, de um total de mil testados. O animal foi examinado após ser morto por um caçador.

A possibilidade de uma pandemia de gripe das aves na Europa tem assustado o continente desde o primeiro caso, registrado na Turquia. Já foram encontradas aves contaminadas na Romênia, Rússia, Croácia, Grécia e até na Grã-Bretanha. A Organização Mundial de Saúde teme que uma mutação no vírus possa torná-lo transmissível em humanos o que representaria uma ameaça global.

Enquanto as autoridades de saúde procuravam tranqüilizar a população, alguns setores da sociedade sugeriam medidas preventivas:

- Há um alarmismo exagerado. Até agora, os casos de contágio em humanos são pouquíssimos na Ásia, apesar da alta densidade populacional que vive em péssimas condições higiênico-sanitárias. A probabilidade de que se registre uma pandemia é a mesma de que caia um asteróide sobre a Terra - garantiu Flavio Tosi, encarregado do setor de saúde do Veneto.

Já o presidente da Liga pela Abolição da Caça da região de Veneto, Andrea Zanoni alertou:

- A Itália deve proibir a caça, como decidiram autoridades de vários Estados em regiões asiáticas e européias, onde se registraram casos de gripe das aves. Podendo evitar, assim, que tanto os caçadores quanto seus cães entrem em contato com o vírus e sejam eventuais portadores da doença.

A Itália comprou, em setembro, 35 milhões de doses de vacinas, o que atende a cerca de 80% da população. As autoridades italianas determinaram, ainda, que as carnes brancas sejam etiquetadas e os ovos importados permaneçam em quarentena.

No Kuwait, a cepa encontrada nos pássaros foi uma menos virulenta do que a H5N1, a H5N2. O sheik Fahd al-Salem al Sabah, coordenador da Autoridade Pública para assuntos de agricultura, declarou que a situação está sob controle e não há a possibilidade de o vírus se espalhar.

Um dos casos foi descoberto há algumas semanas em um carregamento de aves exóticas importadas da Ásia, que estavam em um aeroporto do país:

- Todos os pássaros que estavam junto foram exterminados - revelou Fahd.

Inspetores agrícolas acharam a segunda ave contaminada, um flamingo migratório, na costa Sul do país.

Os países do Golfo Pérsico estão em alerta para a gripe das aves e já proibiram a importação de frangos e aves vivas da Ásia e de outras regiões afetadas pela cepa letal do vírus.

Fahd também informou que todos os humanos que entraram em contato com as aves infectadas foram examinados, mas ninguém apresentou a doença.

Existem várias cepas da gripe das aves como a H5 e a H7, que estão divididas em vários subtipos como o H5N1 e o H5N2. Especialistas afirmam que as aves migratórias dispersam o vírus pelo Oriente Médio e África.