Título: ''Lula queria que Celso Daniel andasse com seguranças''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2005, País, p. A4

A companheira de Celso Daniel, Ivone Santana, afirmou ontem à CPI dos Bingos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sugerido ao prefeito de Santo André a contratação de seguranças. Celso Daniel foi assassinado em 2002. A conversa, segundo Ivone, teria ocorrido durante um seminário em Santo André, em novembro de 2001, dois meses após o assassinato do então prefeito de Campinas Toninho do PT. ''Celso, vamos parar com esse negócio, você tem que parar com essa frescura e andar com seguranças'', teria dito Lula a Celso Daniel, conforme relato de Ivone, que disse ter presenciado a conversa.

Segundo Ivone, a conversa teria ocorrido porque Paulo Okamoto, hoje presidente do Sebrae, teria visto o casal na fila de um cinema da cidade sem seguranças. Okamoto teria relatado o fato a Lula, que tomou a iniciativa de sugerir a contratação de seguranças.

Celso Daniel não levou o conselho adiante.

À CPI, Ivone procurou deixar claro que não pretendia fazer qualquer insinuação com a revelação.

- Isso não quer dizer nada, só queria dizer que foi isso que aconteceu - disse.

A companheira de Daniel desmentiu as declarações do chefe-de-gabinte de Lula, Gilberto Carvalho, de que o PT e recentemente o governo Lula a auxiliaram depois da morte de Celso Daniel.

Ao participar de uma acareação na CPI dos Bingos, Carvalho tentava desqualificar as declarações dos irmãos de Celso Daniel -João Francisco e Brunon - por não terem ajudado Ivone após o assassinato.

- O PT e o governo não me ajudaram e nem sei no que poderiam me ajudar, eu não pedi nada - declarou.

Ivone também negou que Carvalho tenha tentado orientá-la no depoimento que ela prestou ao Ministério Público. Disse que ele apenas deu ''dicas'' de como proceder, como por exemplo ler o depoimento inteiro antes de assiná-lo.

Em outro depoimento na CPI dos Bingos,. Roseana Morais Garcia, a viúva de Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, repetiu ontem que o assassinato de seu marido teve motivação política. Roseana afirmou que Toninho do PT, quando estava à frente da Prefeitura de Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), contrariou pelo menos 11 setores com negócios no município.

Disse também que, quando era vice-prefeito da cidade, Toninho do PT entrou com ações públicas contra o então prefeito Jacob Bittar por entender que havia obras superfaturadas no município.

Toninho do PT foi assassinado em setembro de 2001 quando dirigia seu carro na saída de um shopping da cidade.

Ainda na primeira parte de sua apresentação, Roseana afirmou que se assustou com a notícia da morte do legista Carlos Delmonte Pires, no último dia 12.

- As pessoas envolvidas no caso estão morrendo. Isto é um desespero.

Segundo Roseana, Delmonte fez o laudo de quatro pessoas assassinadas em Caraguatatuba (litoral norte de São Paulo) que foram apontadas como responsáveis pelo crime. Com Folhapress