Título: Ronivon nega que recebeu mensalão de FH
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2005, País, p. A5

O deputado Ronivon Santiago (PP-AC) negou, ontem, em depoimento à CPI do Mensalão, o recebimento de dinheiro para votar a favor da emenda constitucional que permitiu a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em 1997. O texto da emenda que permitia a reeleição no Brasil foi votado e aprovado no fim do primeiro mandato do governo Fernando Henrique e permitiu que o presidente se candidatasse ao segundo mandato.

Ronivon afirmou que na época renunciou porque seria cassado por motivos políticos e não porque tinha culpa.

- Esta Casa (o Congresso) é complicada e quando quer detonar alguém, detona. E eu seria detonado - declarou Ronivon Santiago.

O deputado apontou, ainda, que foi absolvido pelo eleitorado, já que foi eleito nas últimas eleições por ampla margem de votos, ficando atrás apenas da deputada Perpétua Almeida (PC do B-AC).

- Eu não merecia ter sido vítima das acusações de ter vendido meu voto para favorecer o então presidente Fernando Henrique Cardoso - disse ele.

Ronivon colocou à disposição da CPI do mesalão os seus sigilos bancário e fiscal, mas adiantou que os dados têm sido vasculhados desde 2000, quando seus sigilos foram quebrados em ação cautelar.

- Até hoje, não entraram com a ação principal, porque não havia nada de irregular nas minhas movimentações - defendeu o deputado.

Ronivon também sustentou a versão do PP para os R$ 700 mil sacados pelo assessor da liderança do partido, João Cláudio Genu, das contas do empresário Marcos Valério.

Segundo o deputado, o dinheiro do PT nacional foi destinado ao pagamento de honorários do advogado Paulo Goyaz, que o defende em 36 processos judiciais movidos pelo PT do Acre.

- Não soube de onde era o dinheiro. Se soubesse, eu não teria aceito. Preferiria perder o mandato - disse.

O deputado Luiz Couto (PT-PB) lembrou que a fita em que ele conta ter recebido dinheiro para votar favoravelmente à emenda da reeleição, em 1997, passou pela perícia e sua veracidade foi atestada.

- Eu nunca neguei que a voz na fita era minha - respondeu Ronivon.

Ele ressaltou, porém, que é preciso analisar o contexto das declarações.

O deputado disse que pode ter falado uma coisa no começo e outra no final e que só se pode alcançar a verdade pela análise integral de tudo o que foi dito. (PF)