Título: Conselho recomenda a cassação de Romeu Queiroz
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2005, País, p. A2

Petebista é o primeiro deputado a ter perda de mandato pedida por uso do mensalão

BRASÍLIA - Por 12 votos a favor e dois contra, o Conselho de Ética da Câmara aprovou ontem o parecer do relator Josias Quintal (PSB-RJ), que pede a cassação do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) por quebra de decoro parlamentar. O petebista é o primeiro parlamentar a ter sua cassação pedida por uso do dinheiro do valerioduto. Os deputados Pedro Canedo (PP-GO) e Neyde Aparecida (PT-GO) foram os que votaram contra o parecer. O relator justificou seu parecer dizendo que o coordenador do PTB de Minas Gerais, José Hertz Cardoso, confirmou que recebeu, a pedido de Queiroz, um cheque de R$ 50 mil da diretora financeira da agência SMP&B, Simone Vasconcelos, em junho de 2003. Na lista apresentada por Simone, Queiroz aparece como tendo sacado R$ 350 mil. Ele admitiu ter recebido outros R$ 102 mil da Usiminas, intermediados por Marcos Valério. Queiroz argumentou, em sua defesa, que não se apropriou do dinheiro, que foi distribuído para campanhas municipais de seu partido em Minas Gerais. Em seu parecer, Quintal lista irregularidades na conduta de Queiroz, entre elas, a realização de saques sem registro e a transferência de quantias sem prestação de contas ou comprovação de origem. Quintal também usa o testemunho de Marcos Valério para contestar a versão de Queiroz sobre supostas doações da Usiminas para o PTB. Na visão do relator, as operações feitas por Queiroz ''revelam a intenção de ocultar, seja nos registros bancários, seja na contabilidade partidária, não apenas a origem como também a destinação dos recursos recebidos''. Durante a sessão, o deputado Luiz Antonio Fleury (PTB-SP) apresentou questão de ordem questionando a data limite para que o processo seja votado no Conselho. Ele argumentou que o regimento recomenda que a discussão de um processo seja concluída em cinco sessões a partir da entrega do parecer do relator, que foi entregue no dia 25 de outubro. O texto, portanto, deveria ter sido analisado até a última terça-feira. Com isso, Fleury avalia que o relatório deveria ser encaminhado diretamente ao plenário, sem a votação do conselho. Em resposta, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP) afirmou que a sessão de ontem foi continuação da iniciada na tarde de terça-feira. A questão de ordem do deputado Fleury foi colocada em votação, e somente dois deputados posicionaram-se favoravelmente: Angela Guadagnin (PT-SP) e Nelson Marquezelli (PTB-SP). Fleury disse que pretendia recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ. Marquezelli, autor do pedido de vistas sobre o parecer de Quintal, pediu que fosse retirado do voto do relator a menção de R$ 102 mil recebidos por Queiroz, que não constam da acusação feita contra ele na representação encaminhada ao Conselho. O pedido de Marquezelli foi rejeitado.