Título: A primeira derrota de Fujimori
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2005, Internacional, p. A12

O ex-presidente peruano Alberto Fujimori sofreu sua primeira derrota na Justiça do Chile, onde desembarcou na segunda-feira depois de seu exílio no Japão. A Suprema Corte chilena rejeitou ontem o pedido de liberdade provisória feito por seus advogados. No mesmo dia, o governo do Peru fez o pedido oficial de prisão preventiva.

Com a decisão da Suprema Corte, Fujimori terá de ficar preso em Santiago até que o Peru formalize o pedido de extradição, movimento esperado para o mais breve possível - se não for feito em até dois meses, o ex-presidente pode ficar em liberdade no Chile. O juiz Orlando Álvarez também rejeitou o pedido de substitução da prisão por uma caução que poderia ser a garantia de seu comparecimento em juízo e o compromisso de não deixar o país.

Assim que soube da decisão da Justiça chilena, o presidente do Peru, Alejandro Toledo, declarou que faria questão de esperar Fujimori no aeroporto, certo que está de sua extradição.

- Vou esperá-lo. Mas para garantir que ele prestará contas à Justiça. Ele pode estar longe ou perto do país, mas nunca vai estar longe da Justiça, que é para todos. Não pode se fazer de esperto e fingir que os pobres não têm memória, que nós, peruanos, não lembramos o que fez. Os delitos são pagos nos tribunais. - disse o presidente.

Fujimori responde hoje a 20 processos no Peru, que governou de 1990 a 2000, por vários crimes, entre eles, homicídios, desaparecimentos de pessoas e corrupção. Para conseguir julgá-lo no país onde os delitos foram cometidos, o país vai basear o pedido de extradição nos casos em que houve violação dos direitos humanos. São os crimes contra a humanidade, como seqüestro, que ''reúnem os melhores elementos para o julgamento'', como explicou o chefe dos procuradores anticorrupção do Peru, Antonio Maldonado.

No dia em que o ex-presidente chegou ao Chile, circularam rumores de que teria feito escala nos Estados Unidos, o que seria irregular, já que não tem visto de entrada. Mais: o país tem alertas para o homem que é acusado de tantos crimes. Ontem, o embaixador dos Estados Unidos em Lima, James Curtis, se apressou em desmentir a informação. Segundo o diplomata, Fujimori não pegou um avião particular comercial, mas uma aeronave particular, que voou de Tóquio para Tijuana, no México, e, de lá, para Santiago, Chile.

Antes de sua entrevista, o público japonês e chileno já sabia. A executiva japonesa Satomi Kataoka, 39 anos, já tinha confirmado a uma jornalista de seu país.

- Isso é mentira. Alberto nunca aterrisou nos EUA, como estão dizendo no Peru. Também não usou identidade falsa - disse Satomi, para quem o ex-presidente ligou lçogo depois de ser preso que foi preso em Santiago.

A empresária japonesa é namorada de Fujimori, homem que ele considera ''um gênio'' e que conseguirá ''uma solução para esse problema''.

Satomi contou, ainda, a jornalistas, que, quando se despediu de Fujimori no aeroporto de Tóquio, estava ''300% segura de que conseguiria''. Depois, admitiu em seguida:

- Estou um pouco perturbada porque tive uma premonição. Não estava 100% segura com essa aventura. Pressentia que algo ruim iria acontecer.

A namorada do ex-presidente, que é perita em artes marciais e famosa por ser mulher bem-sucedida e muito bonita, também contou que os dois vão se encontrar em breve no Peru, mas não deu nenhuma pista de quando seria. Do telefonema que recebeu de Fujimori, contou apenas uma frase dita por ele: ''tudo vai acabar bem.''