Título: Dilma cobra dinheiro para infra-estrutura
Autor: Kelly Oliveira
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2005, Economia & Negócios, p. A17

A austeridade fiscal, uma das bandeiras mais defendidas pela equipe econômica, continua sendo alvo do fogo amigo, dessa vez contra a contumaz crítica do aperto orçamentário, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Ontem, a ministra voltou a defender, em São Paulo, que o governo evite ultrapassar as metas de superávit primário (economia para pagamento de juros), como vem ocorrendo e cobrou mais investimento em logística e energia. Dilma, porém, negou que o objetivo do seu discurso fosse fazer oposição ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Segundo ela, que participou de seminário sobre o Proálcool, as posições de ambos são complementares.

¿ Acho que a Fazenda também percebe claramente a importância de se gastar e investir em infra-estrutura, razão pela qual acredito que tenha muita agitação para pouca base ¿ disse, ao ser questionada a respeito de rumores sobre a existência de conflitos.

A ministra alegou que o setor energético tem papel relevante no processo de crescimento econômico.

¿ Além do pilar da estabilidade e da robustez macroeconômica, temos o da logística e da energia, e o Brasil tem grande capacidade de concorrência internacional neste setor.

Em relação ao superávit primário, Dilma afirmou que defende que o governo alcance apenas a meta prevista para este ano e o próximo, de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB). Até setembro, o esforço fiscal atingiu 6,1% do PIB, o que significa economia superior à meta anual em R$ 3 bi.

¿ A minha posição é a do governo, que é obedecer a meta que estabelecida. Um governo não é como uma pessoa que, quando sobra dinheiro, pode gastar em que quiser. O governo não pode se dar esse direito. Deve-se gastar em atividades que resultem em benefícios para a economia do país e para o conjunto de sua população.

Ao fim do evento, Dilma admitiu que o Gás Natural Veicular (GNV) poderá sofrer um terceiro reajuste, mas evitou precisar quando. O último, de até 10%, foi aplicado na semana passada. O preço do combustível já havia sido corrigido em setembro. A ministra afirmou que a alta dependerá da demanda, já que a capacidade de produção do país é limitada. Sinal de que, pelo menos neste setor, os investimentos para elevar a oferta não acompanharam a demanda.