Título: Aperto hoje, prejuízo futuro
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 09/11/2005, Economia & Negócios, p. A18

O especialista em contas públicas Raul Velloso afirma que o aperto fiscal ao longo do ano tem um lado positivo, por permitir uma melhor conciliação entre a liberação de recursos e as informações sobre o controle de gastos e a arrecadação. Entretanto, em sua avaliação, essa estratégia pode prejudicar a execução dos projetos, que teriam um prazo menor para serem elaborados e colocados em prática - como está ocorrendo este ano. O professor de finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB) José Matias também vê dois aspectos conflitantes nas metas ambiciosas de esforço fiscal. O primeiro, que considera positivo, é a indicação para o mercado financeiro de que o Brasil pode honrar os seus compromissos, uma vez que o superávit primário é realizado para o pagamento de juros da dívida. Entretanto, segundo Matias, a pior conseqüência é que, quando o governo opta por um aperto é muito grande, deixa de investir em setores estratégicos, como rodovias, saneamento, saúde e educação.

- Essa preocupação em fazer superávit tem um efeito devastador no longo prazo. De um lado, cumpre-se o dever de casa. Por outro, o Brasil começa a perder capacidade de investir - finaliza Matias.

Colaborou Sérgio Pardellas