Título: Casal Richthofen: envolvidos são soltos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2005, País, p. A7

Assassinos confessos, irmãos Daniel e Christian Cravinos deixam a prisão. Promotor se diz envergonhado com a libertação

SÃO PAULO - Os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, acusados de envolvimento na morte do casal Richthofen, em 2002, deixaram ontem a penitenciária de Iperó (a 120 km de São Paulo). A Justiça autorizou a libertação. O promotor Roberto Tardelli classificou como ''infeliz'' e ''insensata'' a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que devolveu a liberdade aos irmãos. Tardelli foi o promotor designado pelo Ministério Público para acompanhar o processo. - Me sinto constrangido, envergonhado, indignado, inconformado. Não há nada mais que possa ser feito - disse o promotor em entrevista coletiva. Segundo Tardelli, não cabe recurso à decisão do tribunal. - A liberdade foi devolvida a eles, e não é liberdade vigiada, é a liberdade plena. Eles têm os mesmos direitos que eu ou qualquer outra pessoa - completou. Daniel e Christian foram beneficiados por uma decisão da 6ª Turma do STJ. Por 3 votos a 2, os ministros decidiram estender aos irmãos o habeas corpus concedido em junho a Suzane Von Richthofen. Filha de Marísia e Manfred, Suzane namorava Daniel na época do crime e é acusada de ter planejado a morte dos pais. A decisão do STJ teve como base razões processuais. A legislação autoriza manter o réu preso até o julgamento em situações excepcionais - risco comprovado de o acusado coagir testemunhas, de fugir do país ou de ameaça à ordem pública. Não foi levada em conta, por exemplo, a confissão. Para o Tardelli, a tese do tribunal é uma ''falácia''. - O risco é sempre hipotético, não existe risco concreto. A hipótese concreta é o fato consumado. Vou ter que esperar eles fugirem para sair correndo atrás - questiona o promotor que acredita que os advogados dos irmãos Cravinhos estão lançando mão de recursos para retardar o julgamento de seus clientes. Os irmãos deixaram a unidade por volta das 15h40, em um carro com os advogados, sem falar com a imprensa. Os pais também aguardavam Daniel e Cristian. Manfred e Marísia foram assassinados na casa da família, no Brooklin (Zona Sul de São Paulo), em 31 de outubro de 2002. As vítimas foram surpreendidas enquanto dormiam e golpeadas com bastões, ainda na cama. Dias após o crime, Suzane, com 19 anos, o então namorado, Daniel, e o irmão dele, Cristian, foram presos. Eles serão julgados por duplo homicídio triplamente qualificado - motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa. Suzane foi acusada de planejar o assassinato dos pais, porque eles não aceitavam o seu namoro com Daniel. Os irmãos Cravinhos são acusados de executar o crime.