Título: O que disse o ministro
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, País, p. A2
ACORDO CAE X CPI O ministro da Fazenda Antônio Palocci negou que a antecipação de seu comparecimento à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) tenha sido uma forma de evitar depoimentos nas comissões parlamentares de inquérito: ¿Quero esclarecer que não fiz nenhum acordo nem me foi proposto qualquer acordo por parte do presidente desta Casa, das lideranças ou do presidente desta comissão para que hoje estivesse substituindo qualquer outro eventual convite ou convocação, o que vou atender como cidadão e ministro da Fazenda¿.
AJUSTE FISCAL
Palocci reconheceu a semelhança do modelo econômico implementado no governo Lula em relação ao de FH: ¿Acreditamos que é momento de consolidar o esforço fiscal brasileiro. Nós pensamos que após quase oito anos de esforço fiscal efetivo e crescente, o Brasil conseguiu colocar sua dívida em uma trajetória descendente. Nós temos que colocar esse esforço fiscal como perspectiva de longo prazo¿.
O ERRO DE DILMA
O ministro reafirmou suas diferenças políticas com Dilma Rousseff (Casa Civil): ¿Eu disse à ministra Dilma que considerava que ela estava errada nesse debate sobre política fiscal. Não faria disso um debate público. Mas como ele veio a público eu acho importante que ele seja dialogado dessa maneira¿.
PACIÊNCIA, CONSISTÊNCIA E PERSEVERANÇA
¿A credibilidade da política econômica e a estabilidade da economia dependem principalmente de paciência, consistência e perserverança¿, disse.
LULA E A POLÍTICA ECONÔMICA
O ministro reafirmou a sintonia da política econômica com os propósitos do governo Lula: ¿A situação permite um trabalho efetivo dessa política econômica na medida em que o presidente Lula tem sistematicamente dado à equipe econômica o apoio necessário ¿ não só a autonomia. Muitas medidas econômicas são políticas que o presidente tem que adotar. Estou preparado para realizar esta política. Não há sinais do presidente de que ela deve mudar¿.
BURATTI E IMPRENSA
¿Não condeno essas pessoas que o acusam. Algumas pessoas me perguntam por que eu não processo Rogério Buratti e por que não o levo às barras dos tribunais por ter feito duas ou três acusações à minha pessoa. Me perguntam por que eu não processo os órgãos que publicam isso. Eu penso que estamos vivendo um momento de apuração¿, disse Palocci que comentou a repercussão das denúncias de seu ex-assessor na imprensa: ¿Colocar o peso de um ministério em cima de jornalistas e de pessoas seria constrangê-los a não fazer as apurações. Vou defender sempre a liberdade de imprensa e de expressão. Mas de forma alguma aceito o que algumas pessoas, em especial o Rogério, falaram sobre a minha pessoa¿.
INTERESSES POLÍTICOS
¿Não me considero uma pessoa acima de qualquer suspeita. Estou acostumado a ver na minha cidade investigações desenfreadas, interesses políticos claros que se fazem contra a minha pessoa e contra as pessoas que trabalharam comigo¿, declarou em referência às acusações de Buratti que apontou irregularidades durante a gestão de Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto.
CONTRATOS E PROPINA
¿O contrato de saneamento que tanto se fala na cidade de Ribeirão Preto não foi feito pelo meu governo, foi feito pelo governo anterior ao meu e foi agora recentemente prorrogado pelo governo posterior. Eu não fiz absolutamente nada a respeito desse contrato, mas sou permanentemente acusado de manipular esse contrato. Palocci voltou a negar as supostas propinas mensais da empresa Leão Leão: ¿A acusação é falsa. A propina de 50 mil reais mensais não aconteceu e ela não vai ser comprovada, porque ela é falsa¿.
ANGOLA, CUBA E FARC
¿Me reuni com muitos empresários, pedi a eles colaboração, mas nunca fui intermediário de recursos na campanha do presidente Lula. Não há recurso de Cuba na campanha do presidente. Não há recurso de Angola na campanha de Lula. Não há recurso das Farc na campanha do presidente Lula. Afirmo isso com convicção¿, disse o ministro da Fazenda.