Título: Palocci se defende e ataca Dilma
Autor: Sérgio Prado
Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, País, p. A2
O que era para ser a redenção de Antonio Palocci virou mais um momento de incerteza. Sua ida ao Senado para dialogar com a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) não foi suficiente para acabar com as dúvidas sobre sua permanência no governo. E nada leva a crer que ele convenceu políticos e mercado.
- A sociedade já o vê enfraquecido. Não adianta mais tapar o sol com a peneira - sintetizou o senador Jefferson Peres (PDT-AM).
Sob ataque pesado, o principal ministro de Luiz Inácio Lula da Silva deslocou-se até o Congresso na tentativa de estancar a crise e mostrar que ainda reúne forças para seguir no comando do Ministério da Fazenda. Ao chegar ao Senado, pelo menos por enquanto, desfez as versões de que teria jogado a toalha.
O ministro criticou a colega Dilma Rousseff (Casa Civil), rebateu denúncias de corrupção, caixa 2 e tráfico de influência, pediu apoio a esforço fiscal a longo prazo e, diante de um plenário lotado, recebeu orientação do secretário executivo Murilo Portugal, que já esteve cotado para assumir a pasta.
A incerteza tem duas frentes. Ao saber que o chefe do Executivo havia elogiado a política econômica sem citar Palocci, os bastidores se apressaram a formar uma espécie de consenso que colocava o ministro fora da Esplanada. Não bastasse a falta de manifestação pública de apoio, a oposição forçará depoimento dele na CPI dos Correios ou dos Bingos.
- Continuamos com a idéia de que o ministro tem que comparecer é à CPI - afirmou senador José Jorge (PFL-PE), líder da minoria.
Para a oposição, Palocci tem de explicar melhor, por exemplo, as denúncias de superfaturamento de contratos quando ele era prefeito de Ribeirão Preto (SP) e as relações da Caixa Econômica Federal com a Gtech. O PSDB e PFL centram carga pesada ainda na denúncia de doação de dinheiro por Cuba para a campanha eleitoral dos petistas em 2002.
Tal quadro produziu a versão de que o deputado Delfim Netto (PMDB-SP) era o nome da vez para conduzir os rumos da economia. Teria, inclusive, sido sondado por emissários do Planalto. Ele só teria feito uma ressalva.
- Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, precisaria parar de falar sobre política econômica - revela um congressista da base do governo, que tem livre trânsito no Palácio do Planalto.