Título: Ministros defendem Fazenda
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2005, País, p. A4
Dois dos ministros mais próximos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na atual crise, Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Ciro Gomes (Integração Nacional) disseram ontem não ver motivos para a saída do colega Antonio Palocci (Fazenda) e atribuíram a alta temperatura das acusações contra o governo à eleição do ano que vem.
Thomaz Bastos disse em Brasília que a crise em curso no país tem um ''grande fator de disputa política'' e que a ''eleição de 2006 já chegou''. Já Ciro, após evento que tinha sido aberto por Lula, falou que o atual nível das denúncias se deve a ''uma ensandecida, radicalizada e precoce luta pelo poder com o PSDB de São Paulo e seu acólito, o PFL''.
Para o ministro da Justiça, a motivação política impede que a crise arrefeça.
- O que há, em grande parte, é uma disputa política. A eleição de 2006 foi antecipada em alguns arraiais políticos brasileiros - afirmou Bastos.
De acordo com ele, a crise política, que estaria do meio para o final, ''está demorando um pouco mais'' devido à antecipação do clima de disputa em torno da eleição presidencial.
Lula seria, para Bastos, ''um candidato competitivo para a reeleição''. E justificou:
- O presidente Lula, que sofreu um bombardeio como nunca nenhum presidente, desde Getúlio Vargas, já sofreu, mantém índices de popularidade fortes.
Ciro seguiu a mesma linha:
- É uma luta radicalizada, precoce, fora do ambiente popular, onde se quer inviabilizar uma candidatura aparentemente favorita, que é a do presidente Lula.
De acordo com as pesquisas, Lula enfrentaria um segundo turno se a eleição fosse hoje. O Datafolha aponta, no limite da margem de erro, um empate entre o presidente (41%) e o tucano José Serra (45%), prefeito de São Paulo.
O ministro da Integração Nacional admitiu que houve ''falhas graves'' no governo, mas afirmou que o que tinha de ser feito está sendo.
- O PT mudou sua direção, o governo afastou, à mera menção, 59 nomes - ressaltou.
Bastos também afirmou que estão sendo feitos todos os esforços cabíveis pelas diferentes autoridades para investigar as denúncias.
- O que há a ser investigado está sendo. Estão aí três CPIs, a PF e o Ministério Público Federal. Nós não temos medo de investigação. O presidente tem dito isso e acho que tem que ser assim mesmo - reforçou.
Em relação ao depoimento de Palocci, Bastos, Ciro e o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, defenderam o ministro da Fazenda.
- Eu não sei se o ministro pensa em sair. Mas o fato é que nós o vemos, concretamente, ao lado de denúncias que não o atingem diretamente - afirmou Thomaz Bastos.
Ciro pouco acrescentou:
- Ou é verdade ou não é verdade. E Palocci vai demonstrar, tenho a esperança, que é inocente - disse Ciro. (FP)