Título: PT das vacas magras pede doações
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Fonte: Jornal do Brasil, 12/11/2005, País, p. A3

SÃO PAULO - O partido que usou caixa 2 nas campanhas eleitorais sofre agora com demissões, aperto nos gastos e agora busca contribuição financeira da militância.

No tempo das vacas magras, a legenda inicia amanhã campanha junto aos filiados com a meta de arrecadar 13 milhões de reais em um mês. Treze mil líderes petistas - ligados ao partido, a sindicatos e centrais - terão como objetivo obter R$ 1 mil cada um. Haverá também uma conta no Banco do Brasil, o banco acusado de financiar o mensalão que teria sido distribuído a parlamentares, para depósitos espontâneos e a venda de pulseiras por R$ 5.

- A campanha é para enfrentar a difícil situação do partido - admitiu o presidente da legenda, deputado Ricardo Berzoini (SP), ontem em São Paulo. A meta de 13 milhões de reais servirá, segundo o dirigente, para sanar débitos emergenciais vinculados às dívidas da legenda, que alcançam 42 milhões de reais, incompatível com uma receita de cerca de 30 milhões de reais por ano.

Berzoini culpa a direção anterior, comandada por José Genoino, pelas dificuldades financeiras.

Mesmo em meio à maior crise de credibilidade em 25 anos, consequência das denúncias de uso de caixa dois na campanha eleitoral de 2002, Berzoini disse que vê um ''sentimento de patrimônio'' dos filiados em relação à sigla.

Ao menos na sede do partido em São Paulo o sentimento é outro. Nesta semana, foram demitidos 37 dos 125 funcionários. Com mais 20 demissões espontâneas ocorridas desde junho, a folha de pagamento passou de 560 mil reais mensais para 340 mil reais.

Em outras despesas, até máquinas de café e copiadoras foram cortadas. Contratos com telefônicas foram refeitos.

Segundo o novo tesoureiro, Paulo Ferreira, o partido estuda aumentar a contribuição obrigatória de ministros, prefeitos, parlamentares, hoje entre 1% e 10% dos salários.