Título: Crescimento do câncer de próstata
Autor: Walter Koff*
Fonte: Jornal do Brasil, 17/11/2005, Outras Opiniões, p. A11

O câncer de próstata é um dos grandes problemas de saúde pública no Brasil e já é duas vezes mais freqüente do que o câncer de mama. Estima-se que 400 mil brasileiros, com idades entre 45 e 75 anos, apresentem a doença atualmente, mas muitos ainda não sabem. Problemas dessa grandeza precisam ser combatidos com ações educativas que alcancem, com sucesso, o público a que se destina. Foi pensando nisso que em 2004 foi criado o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata pela Sociedade Brasileira de Urologia, envolvendo três mil médicos em todos os estados da federação. Os dados da campanha do ano passado revelam que um caso novo é registrado a cada três minutos e um óbito acontece a cada 24 minutos no Brasil.

Inspirado em outras campanhas, como as do câncer de mama e a do câncer de útero, o Brasil foi o primeiro, e ainda é o único país do mundo a ter um dia dedicado a essa doença que acomete somente nos homens. E foi graças a essa ação que mais de 40 mil brasileiros procuraram especialistas e conseguiram que o câncer de próstata fosse diagnosticado ainda em sua fase inicial. A maioria deles, depois de devidamente tratados, se encontra livre da doença e levando uma vida normal.

Os vários estudos de rastreamento de câncer de próstata, realizados desde 1992 nas capitais brasileiras e nas cidades de grande e médio porte, incluindo o Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, mostram que a prevalência de câncer de próstata no Brasil é semelhante a dos países do mundo ocidental. O tumor maligno é o mais freqüente entre os homens, com ocorrência entre 2 e 2,3% da população masculina na faixa etária entre 45 e 75 anos.

Além disso, o levantamento epidemiológico constante na literatura brasileira recente e nos dados oficiais do Ministério da Saúde mostra que o câncer de próstata está sendo diagnosticado especialmente na faixa etária entre 45 e 60 anos, quando homens, perfeitamente produtivos, apresentam, em geral, excelente saúde. Não se trata mais de falar de câncer de próstata em homens idosos já próximos do fim de suas vidas, mas sim de pessoas perfeitamente produtivas e em plena capacidade de trabalho. O câncer de próstata é a segunda causa de morte no Brasil, em alguns anos deverá ser o primeiro, e o mais freqüente câncer diagnosticado no país.

Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que para este ano são esperados em torno de 229.600 casos novos de câncer para o sexo masculino, sendo que 46.330 corresponderão ao câncer de próstata. Para se ter uma idéia da dimensão que vem tomando o câncer de próstata, o Inca estima que este câncer será o segundo de maior incidência em homens, perdendo apenas para o de pele, que é o mais comum dos cânceres, com cerca de 56.420 casos.

A necessidade de divulgar estes dados e estimular os brasileiros com mais de 45 anos a serem submetidos a exames de próstata, prestando desse modo a nossa contribuição à saúde pública brasileira, levou a SBU a criar o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Próstata: 17 de novembro. Divulgaremos até esta data a necessidade de todos os homens brasileiros entre 45 e 75 anos de se submeteram a exames de prevenção e diagnóstico precoce de câncer de próstata com urologistas do SUS, dos planos de saúde e nos demais órgãos públicos federais, estaduais e municipais. A avaliação de próstata é realizada rapidamente, não causa desconforto físico e pode resultar em grandes benefícios para a saúde.

É importante lembrar que a campanha se destina também às mulheres - esposas, companheiras, filhas, mães e parentes de homens na faixa etária citada para que ajudem no convencimento da necessidade periódica de exames de próstata para os homens. Foi por essa razão que a porta-voz da primeira campanha foi a apresentadora de televisão Ana Maria Braga. Para este ano, convidamos o ator Tony Ramos, que abraçou a causa de imediato.

É a hora da conscientização. É importante que todos nos unamos para que as mortes que ainda ocorrem, provocadas por tumores na próstata, sejam definitivamente coisas do passado. Os urologistas farão a sua parte.

*Walter Koff é presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU)