Título: Dirceu: candidatura de Lula é necessária pela biografia
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2005, País, p. A4
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu pregou que a candidatura à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é somente uma possibilidade, mas uma necessidade. Em entrevista a correspondentes estrangeiros, ontem, Dirceu relembrou sua biografia política, que costuma usar em defesa própria, para argumentar a necessidade de Lula se lançar à Presidência em 2006 para defender a própria trajetória política do presidente e do Partido dos Trabalhadores. À noite, ele foi homenageado no Rio por amigos e militantes do partido, em sua maioria ligados à Articulação. O evento reuniu cerca de 300 petistas. Do meio artístico estavam presentes os cineastas Luiz Carlos Barreto e Roberto Farias e os atores José de Abreu, Antônio Grassi e Antônio Pitanga.
¿ Lula não tem alternativa. Para defender sua biografia, sua história e a do PT, ele tem que ser candidato ¿ disse o ex-chefe da Casa Civil.
Apesar da objetividade do petista, o presidente Lula ainda não declarou explicitamente suas intenções eleitorais e tem dito que só vai definir sua candidatura no ano que vem.
Para o ex-ministro, é por saber das chances de Lula que a oposição trabalha para fragilizar o governo atacando o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Dirceu considera que a queda do ministro significaria, para o governo, uma perda tão grande quanto seu afastamento da Casa Civil. Ele também analisa que os oposicionistas aproveitaram uma divergência com a sucessora na pasta, Dilma Rousseff, sobre ajuste fiscal, para disfarçar ataque esse ataque político.
¿ Por isso eles estão fazendo essa tentativa de desestabilizar o ministro Palocci, transferindo para a ministra Dilma a responsabilidade. Eles tentaram desestabilizar Palocci, quando viram que a reação foi contrária, eles passaram a atribuir a Dilma o problema. Não há qualquer país no mundo que não tenha divergências sobre ajuste fiscal e política monetária ¿ argumentou Dirceu.
Na semana passada, Dilma fez críticas públicas ao plano de ajuste fiscal de longo prazo em elaboração pela equipe econômica. Na quarta-feira, ao depor na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Palocci citou nominalmente a ministra da Casa Civil e afirmou que suas opiniões sobre o debate fiscal em relação à política econômica estavam erradas.
Palocci foi à CAE para esclarecer denúncias de envolvimento com irregularidades quando era prefeito em Ribeirão Preto, mas a oposição preferiu debater apenas sobre questões econômicas, interpretando que a antecipação da audiência foi uma manobra do ministro da Fazenda para fugir das comissões parlamentares de inquérito. Após a exposição, os opositores deixaram claro que convocariam Palocci para depor na CPI dos Bingos .
Mas se por um lado Dirceu defendeu o ministro, fez questão de ressaltar que considera a corrente desenvolvimentista a melhor opção para a política econômica do governo.
¿ A gente deve mobilizar o país em torno do desenvolvimento, em torno de um projeto de desenvolvimento. O que mobiliza este país é a idéia do desenvolvimento. Prefiro as dores do crescimento ¿ acrescentou o ex-ministro da Casa Civil.
Dirceu, que enfrenta processo de cassação na Câmara acusado de ser o mentor do suposto esquema do mensalão, voltou a dizer que seu julgamento é político, mas ressaltou que não é ele quem, de fato, perto de uma possível perda de mandato na Câmara.
¿ Há quase um consenso que vai ser uma cassação política. Sou responsável pelo quê? No fundo, quem está sendo julgado não sou eu, quem está sendo julgado é o PT, o governo, a campanha de Lula ¿ defendeu.
Com agências