Título: Geraldo Mesquita: processo no Senado
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2005, País, p. A6

O presidente do Conselho de Ética do Senado, senador João Alberto (PMDB-MA), não aceitou o pedido do senador acreano Geraldo Mesquita (sem partido) para arquivar o processo em que é acusado de cobrar parcela do salário de servidores lotados em seu gabinete, o chamado mensalinho. O senador João Alberto nomeou como relator do processo o senador Demóstenes Torres (PFL-GO). Geraldo apresentou explicações ao conselho na semana passada, tentando se eximir da culpa da cobrança do mensalinho. O senador se dispõe a fazer acareação com ex-servidores e funcionários atuais do gabinete. Demóstenes recebeu o processo ontem e informou que vai analisar com profundidade a matéria. Caberá ao relator dar um parecer sobre a denúncia e sugerir eventual punição do Senado a Geraldo Mesquita, que pode levar à perda de mandato. O senador acreano está fazendo nos bastidores uma mobilização para tentar reverter eventuais penas pela cobrança da parcela do salário dos servidores. O ex-governador do Acre Geraldo Mesquita, pai do senador acusado de mensalinho, vem abordando senadores para convencê-los da inocência do filho, segundo um integrante do Conselho de Ética.

O senador Demóstenes deverá apresentar seu relatório na semana que vem. Até lá, o senador vai ouvir as fitas gravadas no Acre. O ex-assistente parlamentar Paulo dos Santos Freire, que trabalhou para o parlamentar no estado, gravou três conversas com a atual chefe do escritório do senador no município de Sena Madureira, a assistente parlamentar Maria das Dores Siqueira da Silva, conhecida como Dóris. As três conversas confirmam que Paulo repassava 40% do salário para o escritório do senador. Dóris admite que até hoje vem retirando parte de seu salário para cobrir despesas do escritório. O Senado transfere todos os meses verba indenizatória para os parlamentares cobrirem estas despesas de escritório.

Depois que o Jornal do Brasil publicou reportagem sobre o mensalinho de Geraldo, o senador deixou o P-SOL. Apesar de culpar Dóris pela fraude, Geraldo manteve sua principal auxiliar no gabinete de Sena Madureira, no Acre.