Título: PT pede cassação de tucana
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2005, País, p. A7
O PT decidiu ontem partir para o contra-ataque à oposição e entrou com um pedido tardio de cassação do mandato da deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP), no Conselho de Ética da Câmara, por ela ter chamado o presidente Lula de ''bandidão'', durante a convenção que escolheu o residente regional de seu partido em São Paulo, no dia 6 de novembro. Outro argumento usado pelo PT na representação foi uma entrevista da deputada à uma rádio, no dia 25 de outubro, em que ela teria acusado o partido de Lula de ser o mandante do assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel.
Zulaiê reagiu com indignação ao movimento petista e desafiou o presidente a ir à Câmara.
- Queria que o Lula viesse aqui ao Congresso. Sou parlamentar e tenho o direito de expressar minhas opiniões - acrescentou.
A representação que pediu a cassação do mandato da deputada tucana foi encaminhada pelo próprio presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP) à Mesa Diretora da Câmara. O argumento usado foi de que ela acusou o partido ''explicitamente e sem provas'', da morte de Celso Daniel.
Segundo Berzoini, Zulaiê voltou a quebrar o decoro parlamentar ao chamar o deputado e ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP) de ''chefe de quadrilha'' e ''bandido'', na mesma convenção do PSDB em São Paulo.
- É inaceitável que um parlamentar possa chamar o presidente da República de bandidão, possa desacatar um deputado colocando-o como chefe de quadrilha ou acusar um partido político de mandar matar uma pessoa - declarou Berzoini, em nota divulgada no site do PT.
Zulaiê desqualificou a representação do PT, dizendo que o pedido de cassação levado ao Conselho de Ética da Câmara é ''apenas para inglês ver''.
- Estava no exercício do meu mandato parlamentar e no ambiente adequado: na convenção do meu partido. Não há nada demais em se referir ao presidente, que está envolvido em uma série de denúncias de corrupção - afirmou Zulaiê, também em comentário divulgado no site se seu partido. E acrescentou:
- Eu não temo nada porque isso é política. Ou eu vim aqui para brincar de casinha? Eu sou mulher, mas estou fazendo política - destacou a deputada.
Por ter sido assinada por um partido, a representação seguiu diretamente para análise do Conselho de Ética. Os partidos têm a prerrogativa de entrar com processo direto no conselho. É pouco provável que a deputada perca seus direitos políticos, já que delitos de opinião tem tolerância na Câmara.