Título: Um prejuízo de R$ 7 milhões
Autor: Sergio Martins
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2005, Rio, p. A11

O prejuízo da Biblioteca Nacional com o furto, em julho, de 949 documentos (fotos, desenhos e gravuras) do acervo iconográfico da instituição ultrapassa R$ 7 milhões, segundo avaliação da direção. Mas o rombo pode ser ainda maior, segundo três colecionadores ouvidos pelo JB - que pediram para que seus nomes não fossem mencionados. Eles disseram que no mercado internacional, o preço do material pode chegar a R$ 20 milhões, principalmente considerando-se 751 fotografias do século 19. A presidente interina da Fundação Biblioteca Nacional, Maria Izabel Mota de Almeida, disse ontem na sede da FBN, no Centro, que embora todas as peças tenham valor de mercado, tomará medidas que pelo menos dificultem a venda. Entre essas medidas está a de passar todos os dados que identifiquem os documentos para a Interpol e a Unesco, além de digitalizá-las e reproduzi-los na internet, no site da fundação. Um documento que será leiloado semana que vem, do Grupo de Estudos em Obras Raras do Rio de Janeiro (Georj), editado pelo Ministério da Cultura por intermédio da Fundação Biblioteca Nacional em 1994, denominado Segurança em acervos raros ensina o que as instituições devem fazer para evitar a ações dos ladrões e a revenda das peças. Entre as sugestões, está a de marcá-las com tinta permanente, por exemplo. Todos os documentos tirados da Biblioteca Nacional em julho estão sem qualquer marca que garanta pertencerem à fundação. Conseqüentemente, podem ser vendidos nos marcados de antiguidades interno e externo.

A lista dos documentos furtados, ainda parcial mas, segundo a FBN, praticamente concluída, foi enviada dia 10 para a Polícia Federal. De acordo com a assessoria de imprensa da PF, o documento ainda não foi analisado porque o inquérito não voltou da Justiça Federal. Ainda de acordo com a assessoria, não se sabia dessa nova informação e a investigação será retomada assim que o inquérito retornar. Até agora, segundo a PF, não existe qualquer suspeito.

- Os documentos foram roubados durante a greve dos funcionários e o furto só foi constatado dia 14 de julho. No dia seguinte a Polícia Federal foi informada. Desde esse dia, todos os nossos relatórios foram enviados à polícia e à Procuradoria Geral da União. A divisão de iconografia foi fechada e somente os funcionários encarregados do inventário podem entrar. Todas as fotos furtadas estão inventariadas - diz Maria Izabel.