Título: Furto causou afastamento de 59
Autor: Gustavo de Almeida
Fonte: Jornal do Brasil, 12/11/2005, Rio, p. A13

A maior crise da história da Polícia Federal no Rio de Janeiro começou no dia 19 de setembro, quando R$ 2 milhões em notas de euro, dólar e real foram roubados da sala-cofre da superintendência na Praça Mauá. Até agora, apenas R$ 840 mil foram recuperados. O dinheiro, apreendido pela Operação Caravelas quatro dias antes, provocou o afastamento imediato de 59 agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), de onde desapareceram as cédulas que não foram fotocopiadas. O diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, veio ao Rio e promoveu mudanças nas chefias das delegacias, e ainda aumentou o número de agentes, funcionários administrativos. Em 6 de outubro, a 2ª Vara Federal Criminal decretou a prisão de quatro policiais - um escrivão e três agentes. O escrivão Fábio Marôt Kair aceitou participar do programa delação premiada, e delatou a participação de Marcos Paulo da Silva Rocha, Adilson Álbi Vieira e Ivan Ricardo Leal Maués no roubo do dinheiro. O escrivão também acusou Marcos Paulo da Silva Rocha de matar dois homens na Avenida Abelardo Bueno, em frente ao Rio Office Park, na Barra da Tijuca, em março deste ano. Além do roubo do dinheiro e do duplo homicídio, o escrivão confirmou a participação dos suspeitos de terem furtado três dos 23 cheques apreendidos no Clube Privê Clube Privê Cinco Estrelas, no Recreio dos Bandeirantes, no valor total de R$ 17 mil. No local, onde eram promovidas rinhas de galo com apostas de até R$ 50 mil, foram flagrados o publicitário Duda Mendonça e o vereador Jorge Babu no ano passado. No processo encaminhado à 2ª Vara Federal Criminal, as investigações mostraram que outros três agentes - André Campos, Clóvis Barruain Neto e Marcel Hamada - também estavam envolvidos no roubo do dinheiro e no furto do cheque da rinha de galo. Em outubro, o superintendente da Polícia Federal (PF) no Rio de Janeiro, delegado José Milton Rodrigues, revelou que 20 quilos de cocaína apreendidos em 2004 também sumiram da sede da instituição. A droga estava no mesmo cofre de onde foi roubado o dinheiro da Caravelas.