Título: Mais sumiço de dinheiro na PF
Autor: Gustavo de Almeida
Fonte: Jornal do Brasil, 12/11/2005, Rio, p. A13

Ministério Público Federal de Goiás obtém informação de que U$ 2,5 milhões desapareceram de três malas de um Porsche

O Ministério Público Federal (MPF) informou ontem que mais US$ 2,5 milhões, além de diversos eletrodomésticos, também teriam desaparecido durante a Operação Caravelas, realizada em setembro pela Polícia Federal. A informação partiu da sede da Procuradoria da República em Goiás, que vem investigando junto com os promotores do Rio o desaparecimento de U$ 2 milhões da sede da PF no dia 19 de setembro. O dinheiro teria sido roubado do Porsche apreendido na operação - de onde os policiais retiraram, oficialmente, R$ 550 mil dólares e apresentaram à Justiça. Segundo Gino Liccione e Marylucy Santiago Barra, procuradores do Ministério Público Federal no Rio, há informações de que além do sumiço do dinheiro, houve sumiço de eletrodomésticos novos no galpão onde houve a apreensão da droga dentro de carne congelada, realizada pela PF no Mercado São Sebastião, na Penha. - Não foi uma mera coincidência a diferença de cem quilos de cocaína pura encontrada na pesagem determinada pelo juiz federal de Goiás, no mês seguinte, para incinerar o entorpecente apreendido - disse Liccione. No dia 20 de setembro, o jornalista Ricardo Boechat, do Jornal do Brasil, publicou informação de que o português José Palhinhos, um dos presos na Caravelas, teria dito a presos com quem dividia a cela que havia mais R$ 3,5 milhões no apartamento de Ipanema em que fôra preso. Por decisão do Procurador Geral da República, Antônio Fernando de Souza, o inquérito será mantido com Liccione e Marilucy Barra. Há uma semana, a juíza Valéria Caldi, da 8ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, havia pedido à procuradoria que designasse outros promotores no Rio para tomarem conta do processo. Segundo fontes do MPF, havia mal-estar por causa da decisão da juíza por causa da suposição de que os dois promotores estariam demorando demais a apresentar denúncia à Justiça. De acordo com Liccione, já foram pedidas mais de 20 diligências no caso. O procurador ainda não sabe se abrirá inquérito para investigar as novas denúncias ou se pedirá investigação no que já foi instaurado por causa do sumiço dos dólares da sede da PF. Ainda não se tem idéia, por enquanto, se o sumiço de dinheiro apontado pelo Ministério Público Federal de Goiás teria acontecido no Mercado São Sebastião, quando aconteceu a apreensão do Porsche, ou se há chance de o roubo ter acontecido na garagem da PF na Praça Mauá. De qualquer maneira, o chefe de Inteligência Policial da Coordenação-Geral de Repressão a Entorpecentes da PF, Ronaldo Magalhães, adiantou ontem ao Jornal do Brasil que não há a menor chance do roubo ter acontecido no caso do Porsche. - O procedimento que foi feito no caso do Porsche foi policiais do Rio e de Brasília. A tese é uma sandice, e acho muito estranho que isso esteja sendo cogitado pelo MP de Goiás. Todo o processo foi feito com lisura - disse Magalhães, acrescentando: - Os aprisionados é que estavam atribuindo ao Porsche a existência de US$ 4 milhões dentro do veículo. Mas o MP se baseando apenas neste testemunho? Os procuradores que corram atrás de provas.