Título: Importações afastam indústria e comércio
Autor: Sabrina Lorenzi, Cristina Borges Guimarães e Rita
Fonte: Jornal do Brasil, 18/11/2005, Economia & Negócios, p. A18

O aumento das importações, conseqüência do dólar em queda, vem provocando um descompasso na economia brasileira. Enquanto o comércio vibra com a expectativa de alcançar o melhor Natal dos últimos quatro anos, a indústria piora projeções de crescimento da produção de bens. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ontem que as vendas no varejo cresceram 5,63% no terceiro trimestre, um ritmo mais acelerado em relação aos 3,79% do segundo trimestre. Na indústria, houve freio. O mesmo IBGE divulgou que neste período a produção desacelerou de 2,2% para 1,5%.

Na indústria, em setembro, mês de estagnação para o comércio, houve corte de 2% na produção. No ano, as fábricas acumulam crescimento de 3,8%. As lojas, por sua vez, venderam 11,09% mais. Em relação a setembro de 2004, há alta de 5,63% no volume de vendas do varejo, enquanto o setor fabril cresceu 0,2%.

A principal causa do abismo é o salto das importações de manufaturados. Para o comércio, não faz diferença se vende produto nacional ou estrangeiro, mas para a indústria a diferença é crucial. Com aumento de 43% na importação de industrializados, a produção de bens duráveis foi afetada em cheio, com queda de 9% em apenas um mês. Nas lojas, houve queda de eletrodomésticos bem mais suave nas vendas, de 2,57%.

A economista-chefe da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Luciana Sá, revela que a entidade revisou para baixo as projeções de crescimento da indústria. Até setembro, a Firjan esperava crescimento de 15% do setor no ano. Depois do desempenho aquém do esperado no segundo trimestre, a expectativa caiu para 10%.

O economista da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, projeta alta de 4% das vendas em dezembro na comparação com o mesmo mês do ano anterior, que teve um ótimo resultado. As vendas da indústria de eletrônicos para consumo devem crescer 5% no Natal, de acordo com o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Paulo Saad. O segmento é apontado pelos varejistas como a grande estrela do Natal 2005.