Título: Bradesco lucra R$ 4 bi em nove meses
Autor: Aluisio Alves
Fonte: Jornal do Brasil, 08/11/2005, Economia & Negócios, p. A19

O Bradesco acumulou lucro líquido de R$ 4,051 bilhões nos primeiros nove meses de 2005. O resultado representa um avanço de 102,3% em relação a igual intervalo do ano passado e é maior da história entre os bancos privados do Brasil, mesmo olhando-se para resultados em 12 meses, segundo a consultoria Economática. O número também deixou para trás o lucro obtido em nove meses pelo seu maior concorrente, o Itaú (R$ 3,827 bi). Entre julho e setembro, porém, o resultado líquido do Bradesco foi de R$ 1,43 bi, 90,1% a mais do que no terceiro trimestre de 2004, mas 0,5% menor do que seu próprio resultado no segundo trimestre, de R$ 1,416 bi.

O maior banco privado brasileiro fechou setembro com ativos totais de R$ 201,9 bilhões, 12,4% superiores aos verificados no fim do terceiro trimestre de 2004. O retorno médio sobre patrimônio líquido nos nove meses subiu de 20% para 33,7%.

Comparada com setembro do ano passado, a carteira de crédito da cresceu 25,5%, para R$ 75,2 bilhões. O movimento foi puxado por um salto de 63,6% nos empréstimos para o varejo, na comparação com setembro de 2004. Com isso, a fatia desse segmento na carteira atingiu R$ 30,6 bilhões, evoluindo de 31% para 41% do total. A evolução embute os resultados das aquisições e parcerias feitas pelo banco com grandes redes varejistas desde o fim de 2004.

Para o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, o crescimento no setor acompanha a melhora dos indicadores de renda e de emprego. O executivo negou que o mercado de financiamento ao consumo esteja perto do limite, como apontam alguns analistas.

- Esperamos um crescimento de 25% da nossa carteira de crédito em 2006, com um aumento de 35% do empréstimo à pessoa física - afirmou.

Uma das frentes em que o banco pretende avançar em 2006 é o empréstimo com desconto em folha, hoje em R$ 2,5 bilhões. Já a participação da carteira para grandes empresas recuou 3,3%, para R$ 23,1 bilhões, sob influência da menor demanda - já que essas companhias têm acesso a crédito no exterior a custo menor do que no Brasil - e da desvalorização do dólar, moeda em que o banco tem atrelada parte dos empréstimos feitos para esses clientes. Os empréstimos para companhias pequenas e médias cresceu 23,6%, para R$ 21,5 bi.

Além do aumento total do crédito, que respondeu por 38% do lucro, a expansão da base de clientes do banco, com a adição de 1,2 milhão de con-tas correntes em doze meses, contribuiu para um incremento de 28,7% na receita com serviços, para R$ 5,34 bilhões.

Mesmo com a rápida expansão do volume de clientes e de empréstimos, o banco obteve expressiva melhora nos índices de saúde financeira. O índice de inadimplência caiu de 3,7% para 3,1% e as provisões para devedores duvidosos recuou de 7% para 6,2% das operações de crédito.

- Isso se deve à aplicação de instrumentos de gestão e de risco - diz Cypriano.