Título: Benício evita depor sobre orgia no Rio Negro
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2005, Brasília, p. D3

Deputado deveria ter ido ao Conselho Especial de Justiça para se defender da acusação de exploração sexual de menores

O Ministério Publico do DF e Territórios entrou ontem com um pedido no Tribunal de Justiça do DF para que o o deputado distrital Benício Tavares (PMDB), acusado de participar de orgia sexual com menores no Rio Negro Amazonas, seja conduzido coercitivamente à próxima audiência que ainda não tem data marcada para acontecer. Ontem, às 14h, o parlamentar deveria ter prestado depoimento no Conselho Especial do Tribunal de Justiça do DF, mas não apareceu. Benício Tavares foi denunciado pelo Ministério Público do DF de participação em programa de exploração sexual de menores, durante pescaria no rio Amazonas, em setembro de 2004. O parlamentar teria sido reconhecido por algumas jovens que sobreviveram ao naufrágio do barco que as teria conduzido até o iate onde ele estava.

Segundo o procurador geral Rogério Schietti pode ser uma estratégia dos advogados do parlamentar, mas a questão será considerada pela Justiça. Schietti disse que o MPDFT está convicto da denúncia:

- Houve prostituição naquela embarcação. Não queremos condenar ninguém, mas esclarecer os fatos que ocorreram há mais de um ano - disse.

De acordo com o líder do PMDB, deputado Odilon Aires, Benício Tavares não teve conhecimento da notificação e nem do depoimento.

- Eu falei com o Benício ao telefone. Ele me garantiu que não foi notificado pela Justiça. Ele soube que tinha um oficial à sua procura, mas disse que não chegou a receber a notificação - garantiu.

Entretanto, o procurador geral distribuiu à imprensa cópia da certidão que atesta a notificação do deputado. Schietti garante que o advogado de Benício sabia da data do depoimento.

Cassação - O caso está sob investigação na Câmara Legislativa, a partir de uma solicitação do Fórum de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Se a Comissão de Ética acatar a representação, Benício Tavares poderá ter seu mandato cassado.

O mesmo risco correm os deputados distritais José Edmar e Wigberto Tartuce. Ontem a mesa diretora da Câmara Legislativa leu as quatro representações contra os dois. A deputada Arlete Sampaio (PT), membro da Comissão de Ética da Câmara Legislativa, disse que, após o parecer da Corregedoria, a Comissão vai trabalhar para apurar:

- Esse assunto tem dado uma imagem muito negativa para a Câmara - afirmou.