Título: Impacto amortecido
Autor: Hugo Marques, Kelly Oliveira e Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 16/11/2005, País, p. A3

No mercado financeiro, a avaliação corrente é que uma possível mudança no Ministério da Fazenda não causará tanto impacto. Na opinião do economista e ex-diretor do Banco Central Emílio Garofalo, uma mudança na equipe só causará agitação no mercado se houver alteração na condução da política econômica. Segundo Garofalo, uma mudança de ministro neste momento será melhor assimiliada do que se ocorresse há três meses, período em que havia preocupação com a contaminação da economia pela crise política.

- Palocci surgiu como um fiador da política econômica. Mas ao longo do tempo, a economia mostrou uma blindagem em relação à crise, porque ficou clara a política econômica do governo. Agora o mercado se preocuparia mais com uma mudança na política econômica do que de ministro - afirma Garofalo.

O professor de finanças públicas da Universidade de Brasília, José Matias, considera que toda troca de ministro da Fazenda significa um sinal de turbulência. Entretanto, ressalta que pelo fato da economia estar sobre controle, uma alteração na pasta teria menor impacto.

- A escolha de um possível novo ministro é importante. Se for escolhido um técnico, ele poderá ser atropelado por quem defende menor austeridade. Seria conduzido pela Dilma Rousseff - afirma Matias.

Para o professor, a ministra da Casa Civil é uma porta-voz do que defende a maioria dos militantes do PT, que reclamam mais investimentos, liberação de recursos e uma política fiscal menos austera.

- Há detrás dela uma pressão forte do partido - afirma José Matias